A Adepdel – Associação de Defesa das Prerrogativas dos Delegados de Polícia da Paraíba – divulgou nesta quinta-feira, dia 13, uma nota de repúdio às declarações do ex-governador Ricardo Coutinho, que atacou o delegado Állan Terruel, responsável pela Delegacia de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado.
“Chamar um profissional que está imbuído de combater corrupção de ʺbolsonarista desgraçadoʺ, ʺescrotoʺ e dizer que ʺ…estamos preparando chumbo grosso…ʺ é uma prova cabal de tentativa de ingerência política na instituição Polícia Civil. Isso não admitiremos”, diz a nota.
NOTA DE REPÚDIO
A Associação de Defesa das Prerrogativas dos Delegados de Polícia da Paraíba – ADEPDEL vem a público se manifestar seu total repúdio às declarações do Ex-Governador e investigado da Operação Calvário, Ricardo Coutinho, contra o Delegado de Polícia Civil, Dr. Állan Murilo Barbosa Terruel, publicadas nas redes sociais, portais e blogs da Paraíba.
Inicialmente, cabe registrar que o Delegado Állan Terruel é referência de profissional no nosso Estado e em todo o País. Profissional dedicado ao trabalho, de conduta ilibada e responsável por presidir, coordenador e colaborar com grandes operações de repressão qualificada no nosso Estado. Um orgulho da Polícia Civil e da ADEPDEL.
A Polícia Civil evoluiu muito nos últimos anos, com muitas operações de repercussão nacional, redução de homicídios e aumento na elucidação de crimes. Foi também considerada a melhor Polícia Civil do País, segundo pesquisa da revista Exame.
A sociedade reconhece o trabalho da Polícia Civil, de João Pessoa a Cajazeiras.
Infelizmente, a Polícia Civil não está livre de tentativas de ingerências políticas, pois a sua chefia e vários cargos de relevância são de livre nomeação e exoneração pelo Governador. Não faz muito tempo que denunciamos que a Polícia Civil sangrava, em alusão às exonerações ocorridas em outubro de 2018 e, até hoje, não explicadas.
Quanto às declarações do ex-governador e investigado da Operação Calvário, só temos a lamentar tamanho desrespeito ao profissional, à Polícia Civil e à sociedade. Chamar um profissional que está imbuído de combater corrupção de ʺbolsonarista desgraçadoʺ, ʺescrotoʺ e dizer que ʺ…estamos preparando chumbo grosso…ʺ é uma prova cabal de tentativa de ingerência política na instituição Polícia Civil. Isso não admitiremos.
Talvez tenhamos encontrado o real motivo para remunerar os profissionais de segurança com penduricalhos. Como o Delegado não tem inamovibilidade e não recebe por subsídio, é muito mais fácil puni-lo com uma remoção e cortar verbas precárias para que ele não possa desempenhar atividades que incomodem os poderosos, em especial, os corruptos.
Os Delegados de Polícia Civil do Estado trabalham para a sociedade, não têm apego a cargos, não estão de passagem e sempre seguirão o caminho do bem, em busca de uma Polícia Judiciária cidadã, que possa priorizar o que a sociedade realmente quer.
Contudo, faz-se necessário a aprovação de medidas que possam garantir o início ou a continuidade de investigações ou operações, sem surpresas de remoções injustificadas. Para isso, é necessária a aprovação da PEC 01 de 2019, que tramita na Assembleia Legislativa, bem como a proposição de um mandato para o Delegado Geral de Polícia Civil, pois isso dará mais segurança e autonomia para que o gestor maior da instituição possa tomar as decisões necessárias, sem o receio de ser exonerado a qualquer momento pelo Governador.
Acreditamos no trabalho do Ministério Público da Paraíba, em especial do GAECO, e da Justiça Paraibana. Essas instituições estão dando orgulho à sociedade no combate à criminalidade organizada e à corrupção.
A Polícia Civil, como Polícia de Estado e não de Governo, não pode ser tolhida de contribuir para o combate à corrupção. E hoje o faz, mesmo que sem a estrutura necessária, com a Delegacia de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado.
Por fim, pedimos o apoio da sociedade paraibana na luta pelo pagamento do subsídio, que significa o fim dos penduricalhos e o fim das remoções de profissionais para terem perdas financeiras, bem como na aprovação da PEC 01 de 2019 que acabará com as remoções sem justa causa, além do estabelecimento do mandato para o Delegado Geral.
João Pessoa, 23 de janeiro de 2020.
A DIRETORIA – ADEPDEL