Segundo as investigações da Operação Calvário, a Cruz Vermelha Brasileira abasteceu as campanhas de 2014 e 2018 dos Girassóis, na Paraíba. Talvez aí esteja a explicação de tanta irregularidade, desvio de dinheiro, superfaturamento, contratações desnecessárias, prisões, buscas e apreensões. O que chama a atenção é que o atual governador João Azevedo, eleito com recursos financeiros oriundos de propina da Cruz Vermelha Brasileira, ignora a gravidade do caso e insiste em não cancelar todos os contratos de Organizações Sociais na Paraíba, inclusive o da Cruz Vermelha.
A Cruz Vermelha Brasileira já faturou mais de R$ 1 bilhão para administrar o Hospital de Trauma da Capital. Chegou à Paraíba pelas mãos do ex-governador Ricardo Coutinho, que à época chegou a editar a Medida Provisória 178/2011, para acelerar o processo de contratação da Cruz Vermelha.
Após a Cruz Vermelha outras Organizações Sociais foram trazidas para administrar hospitais e UPAs no estado da Paraíba, algumas dessas OSs com ligações fortes com a Cruz Vermelha Brasileira. O Tribunal de Contas do Estado vem desde 2011 apontando irregularidades graves na gestão da Cruz Vermelha e outras Organizações Sociais na gestão da saúde em unidades na Paraíba.
Em 20 de dezembro foi deflagrada a primeira fase da Operação Calvário com a prisão de 11 pessoas, entre as quais, do diretor nacional da Cruz Vermelha, Daniel Gomes da Silva, apontado pela investigação com o chefe da Organização Criminosa.
No mesmo dia 20 de dezembro, foram presos Michelle Cardoso, assessora da Cruz Vermelha, responsável por entregar propina a agentes públicos. Em uma das provas da investigação os promotores têm gravação de vídeo no interior de um hotel de luxo no Rio de Janeiro, em que ela se encontra com Leandro Nunes de Azevedo, ex-assessor da ex-secretária Livânia Farias, e entrega uma caixa de vinho com quase R$ 900 mil.
Leandro Nunes de Azevedo foi preso na segunda fase da Operação Calvário, dia 1º de fevereiro, e em depoimento de mais de 12 horas aos promotores do Gaeco/MPPB, revelou diversos integrantes do esquema e fatos que revelam como era levantada a quantia de dinheiro que servia de propina.
Mandados de busca e apreensão foram cumpridos em endereços do atual secretário Waldson de Souza, e da ex-secretária Livânia Farias, esta foi presa dia 16 de março último, e cumpre prisão preventiva na Companhia de Polícia sediada em Cabedelo.
Mesmo com toda as pistas e provas , o que foi possível ser revelado até agora pelos promotores, o atual governador da Paraíba, João Azevedo, adota medidas simplórias, e não se sabe porque, ainda não determinou o cancelamento do contrato da Cruz Vermelha e de outras Organizações Sociais que foram flagradas por auditores do Tribunal de Contas do Estado, com diversas irregularidades graves na gestão da unidades de saúde na Paraíba.