O governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB) elaborou e os deputados estaduais aprovaram, sob protestos, da OAB/PE, entidades da Polícia Civil, a extinção da Delegacia de Crimes contra a Administração e Serviços Públicos (Decasp), órgão que investigava desvio de verbas públicas e que comandou operações que resultaram na prisão de políticos e empresários. O Projeto de Lei, de autoria do Executivo Estadual.
Além de tirar a Decasp e a Delegacia de Crimes contra a Propriedade Imaterial (Deprim) da estrutura organizacional da Polícia Civil do estado, a proposta prevê a criação do Departamento de Repressão ao Crime Organizado (Draco). Ele será subordinado a outra diretoria e chefiado por delegado que será nomeado em comissão pelo governador. Com a mudança, a delegada Patrícia Domingos, que recentemente abriu investigação contra nomes ligados ao Palácio do Campo das Princesas, deixa de comandar o órgão.
Contrário à medida, o presidente da Associação dos Delegados de Polícia de Pernambuco (Adeppe), Francisco Rodrigues, disse que alteração não foi discutida internamente pela cúpula da Polícia Civil. “Nos pegou de surpresa. Não foi discutido sequer com a titular da delegacia, Patrícia Domingos. É uma medida que nos deixa preocupados com futuro do estado. A delegacia é um órgão de controle”. Para ele, com a extinção da Decasp, o caminho fica mais fácil para práticas de corrupção.
“A titular deveria, no mínimo, ser a gestora do departamento, mas acho difícil ela ser. As galerias da Assembleia estavam lotadas para acompanhar essa questão. Apesar da tentativa dos deputados de evitar a aprovação, a extinção foi aprovada” destacou Francisco.
A proposta chegou à Casa Joaquim Nabuco no último dia 19 e tramitou rapidamente porque tem caráter de urgência. Votaram contra os deputados Edilson Silva (Psol), Antônio Moraes (PSDB), Priscila Krause e Socorro Pimentel.