Uma ação dos policiais civis da Paraíba vem expondo a falta de respeito do Governo do Estado com quem trabalha na segurança do estado. Na última terça feira, dia 2, um grupo de policiais civis entregou coletes balísticos vencidos na Delegacia Seccional de Guarabira, com a presença inclusive da diretoria da Aspol – Associação dos Policiais Civis da Paraíba – . A atitude revela um novo tempo em que o servidor não deve temer, por mais perverso que seja o Governo, e também expõe o descaso do Poder Público que mantém policiais trabalhando com coletes vencidos há mais de 4 anos.
“É inadmissível que um policial vá a uma operação com um equipamento que não garante a sua defesa e integridade. Apesar do governo ter adquirido novos coletes, eles ainda não foram entregues à categoria, colocando em risco a vida do policial”, disse o vice-presidente da ASPOL/PB, Valdeci Feliciano.
No dia de paralisação da categoria na Paraíba, dia 27 de dezembro, os policiais também entregaram coletes balísticos com data de validade vencida. A Aspol – Associação dos Policiais Civis – orienta que cada policial não vá trabalhar no combate à criminalidade com coletes vencidos, pois estarão pondo em maior risco ainda sua vidas, já que a vida policial já tem seu risco com equipamento adequado, imagina com coletes vencidos.
A categoria investigativa e de apoio (agentes, escrivães e motoristas) da Paraíba paralisaram as atividades na quarta-feira (27), nas Centrais de Polícias e Delegacias de todo o Estado. A ação, que contou com apoio dos peritos, técnicos em perícia e necrotomistas do Instituto de Polícia Científica do Estado, faz parte do calendário de paralisações definido em Assembleia Geral, realizada no dia 14 de dezembro. O estopim que levou à paralisação da Polícia Civil em todo o Estado foi a aprovação, na Assembleia Legislativa, do Projeto de Lei (PL) 1664/2017, que deixou ainda mais evidente os privilégios de um grupo de delegados que estão na gestão e são dirigentes de entidade classista e que têm criado segregação e prejuízos a outras categorias da Polícia Civil.
Durante todo o dia, policiais civis se reuniram em frente às Centrais de Polícia de João Pessoa, Campina Grande e Patos. Em João Pessoa, a concentração dos investigadores começou às 8h da manhã. Na ocasião, foi realizada uma panfletagem e os policiais realizaram um ato de protesto com a devolução de coletes balísticos vencidos há cerca de 5 anos, e que já deveriam ter sido trocados. O primeiro lote venceu em 2014 e o segundo, em 2016. Todo o material será devolvido à gerência de armas e munições da Secretaria de Segurança do Estado.
Em Campina Grande, houve a concentração dos policiais de várias Delegacias Distritais e Seccionais circunvizinhas na Central de Polícia.
As Delegacias Distritais e Seccionais do Sertão do Estado paralisaram as atividades e se reuniram em frente a Central de Polícia de Patos. A categoria também realizou entrega de panfletos e também realizaram a devolução de coletes vencidos. Em Guarabira, além de paralisar as atividades, os policiais civis ainda realizaram um ação solidária de doação de sangue, no Hemocentro da cidade, e arrecadação de alimentos.
Com a paralisação, os policiais civis não realizaram diligências, como mandados de busca e apreensão, mandados de prisão, operações policiais, nem serviços de cartório. Foi mantido 30% do efetivo para atendimento apenas de situações emergenciais de flagrante delito.
A presidente da ASPOL/PB, Suana Melo, disse que há uma pauta extensa de reinvindicações, mas é importante destacar que a categoria também sofre com uma defasagem salarial. “São agentes, escrivães, motoristas policiais e agentes de telecomunicações, que estão recebendo o pior salário do país, e além disso recebem metade do que se paga em 16 Estados da Federação e ainda não recebem através de subsídio, que é uma previsão constitucional, e com as perdas com a aposentadoria chegam a cerca de 40% ou licença médica”, explicou Suana.
“Nós temos 87% do efetivo da Polícia Civil protestando contra situações irregulares que estão ocorrendo dentro da instituição policial. Nós estamos reivindicando direitos desses profissionais que tanto trabalham na elucidação de crimes e que são reconhecidos pelo desempenho, inclusive, com alto índice de resolução de homicídios. Temos atingindo metas durante cinco anos consecutivos e, por isso é preciso valorizar para que bons resultados continuem a ser apresentados para a população, pois ela merece atendimento de qualidade, assim como os profissionais precisam ser valorizados e respeitados”, completo