O programa Fantástico exibido no dia 19 de julho de 2020, traz uma reportagem especial com o título “Quase 140 mil novas armas de fogo são registradas no Brasil só em 2020”, focando essencialmente no risco de possuir/portar uma arma de fogo no Brasil.
A matéria tem duração de 17 minutos e 09 segundos. Nela são entrevistados um coronel e um capitão (Deputado Federal) veteranos de uma Polícia Militar, um político e ex-ministro do governo federal, dois integrantes de institutos de pesquisas, um casal de cidadãos, um sociólogo e uma cidadã irmã de uma vítima de homicídio.
Em toda extensão da matéria televisiva, o verbete “arma(s)/armado” foi falado em 55 (cinquenta e cinco) vezes, ou seja, a cada 18 (dezoito) segundos aproximadamente, ele é repetido/enfatizado sempre associando à tragédia e mau uso.
Pois bem, este autor quando ainda Tenente e Comandante do Grupamento de Ações Táticas (GATE), portando um revólver em calibre 357 Magnum (dotação da Polícia Militar da Paraíba), se aproximava, à pé, de uma parada de ônibus no bairro Jaguaribe em João Pessoa, à noite, quando foi vítima de tentativa de roubo perpetrada
por dois jovens com idades provavelmente não superiores a doze anos e com compleição física do tipo “raquítica/esguia” que, de posse de uma faca exigiram-me que “passasse o relógio.”
Fazendo uso da arma de fogo anteriormente citada, o crime foi evitado, bem como não registrado em delegacia policial por decisão própria da vítima. Temos conhecimento de vários casos de subnotificação quando a vítima faz
uso da arma de fogo e, tal fato, não é registrado nos órgãos policiais. Em 2013 e 2014, respectivamente, os policiais militares da Paraíba Valdomiro Bandeira de Sousa Neto3 e Rodrigo Rodrigues de Medeiros4, fizeram o uso de suas armas de fogo e rechaçaram os crimes em andamento, saíram ilesos e foram promovidos por bravura pelo comando da Corporação.
No livro com lançamento previsto para agosto de 2020, com o título “É um assalto. E se eu reagir? Um guia de sobrevivência”, cujo este autor é um dos coautores da obra, será exposto que os policiais brasileiros que foram vítimas de crimes violentos com características iniciais de roubo, quando empregaram a arma de fogo como instrumento de reação, no período entre julho de 2017 a dezembro de 2019, da amostragem de 730 (setecentos e trinta) casos, 435 (59%) saíram ilesos, 158 (22%) com algum ferimento e 137 (19%) mortos.
Vários brasileiros fizeram emprego de arma de fogo e conseguiram rechaçar uma agressão atual e iminente, como no caso de um comerciante em São Leopoldo, conforme a reportagem: “Vídeo mostra comerciante reagindo e atirando em assaltante dentro de mercado em São Leopoldo. Dono de estabelecimento entregou à polícia na segunda-feira a arma usada e as imagens do fato5”, e em Joinville quando uma senhora defendeu-se conforme a matéria: “Idosa reage a assalto e atira em suspeito em Joinville. Crime ocorreu na manhã deste sábado, em uma casa na lateral da Getúlio Vargas6.
Esses são apenas dois de milhares de exemplos em que a arma de fogo preservou a vida de inocentes e não são explorados com a mesma ênfase e tempo por alguns seguimentos da imprensa brasileira.
A arma de fogo, a caneta ou o smartphone, são apenas objetos que nas mãos humanas trazem diversos efeitos colaterais do seu (bom/mau) uso. Entre armar a população ou não, ainda opino a favor da boa educação.
Onivan Elias de Oliveira
Tenente Coronel da Polícia Militar da Paraíba