Os estudantes da Escola Cidadã Integral Técnica Daura Santiago Rangel (ECIT Daura Rangel), nessa semana, tiveram uma aula prática de solidariedade e de lições para a vida. Eles se mobilizaram junto com os professores da área de Humanas da escola para promover um dia especial na vida de 36 crianças refugiadas da Venezuela, que moram, de forma muito precária com os seus pais, na Rua Professor José Coelho, Centro de João Pessoa.
Além de brincadeiras, atividades lúdicas e de beleza, os estudantes liderados pela equipe do Grêmio Estudantil, supervisionados pelos professores da ECIT Daura Rangel, tiveram o gesto de doar brinquedos, guloseimas, pipocas e cestas básicas para as crianças e seus pais.
AÇÃO TEVE PARCEIROS – A ação contou com a parceria da Loteria do Estado da Paraíba (LOTEP) e da Associação de Supermercados da Paraíba (ASPB) na doação de lancheiras com guloseimas e de pipocas, mas teve o engajamento do Grêmio Estudantil da escola, que fez campanhas e uma mobilização para arrecadar cestas básicas e brinquedos.
CRIANÇAS ESQUECIDAS NA DATA – “A escolha pelas crianças venezuelanas, que foi feita por alunos e professores de Humanas da ECIT Daura Rangel, é simples: além de serem refugiadas e viverem em condições muito precárias, elas não foram lembradas por nenhuma ação no último dia 12 de outubro, que é comemorado no Brasil o Dia das Crianças,” explicou a professora de Sociologia da ECIT Daura Rangel, Acsia Lino, ao acrescentar que a ideia da ação surgiu após uma gincana da Escola realizada, no mês de agosto, quando os estudantes arrecadaram alimentos e escolheram doá-los aos venezuelanos.
“A ideia recebeu apoio do corpo docente da Escola, liderados pelo professor de História, Jammerson Soares, e de Filosofia, Edilza França. Para marcar a data das Crianças e ampliar as doações, contatamos gestores da LOTEP e a da direção da Associação dos Supermercados, que se prontificaram a ajudar”, frisou a professora de Sociologia.
EMOÇÃO E REALIZAÇÃO PESSOAL – Para a presidente do Grêmio Estudantil da ECIT Daura Rangel, Nataly Kelly, de 16 anos, aluna do 2º ano do ensino médio, “a ação foi marcada por muita emoção e realização pessoal no ato da entrega de cada uma das lancheiras e brinquedos aos pequeninos, mas ao mesmo tempo de alegria e diversão com a realização de brincadeiras e danças, pintura facial, amarelinha, cabo-de-guerra e pula-corda, enquanto as mães das crianças receberam das estudantes penteados e cuidados com o cabelo”, detalhou.
A coordenadora pedagógica da ECIT Daura Rangel, Dayse Dantas, revelou que a escola tem se mobilizado para realizar uma ação social a cada bimestre, especialmente, para estimular nos alunos um sentimento de responsabilidade e mudança e de empatia com a carência do outro.
BAGAGEM EMOCIONAL MAIS CHEIA – “Quando concluímos uma ação como esta de desenvolver atividades e entregar cestas básicas, brinquedos e lanches, saímos com a nossa bagagem emocional muito mais cheia. Temos a chance de proporcionar alguma mudança na vida dessas pessoas e esse é um sentimento muito especial,” revelou. Dayse.
Há dois anos no Brasil, o venezuelano Alonso Warao, que pertence ao povo indígena, afirmou que “é muito bom ver as crianças tendo esse momento. Elas estão alegres, e nós ficamos felizes com isso. Nossas crianças estudam e, nós também, precisamos estudar. Contamos muito uns com os outros. Estamos sempre procurando trabalho, por nós e pela nossa família. Ficamos felizes com momentos assim, quando vemos nossa família sorrir,” declarou Alonso, que se esforçou para aprender português sozinho a partir da conversação com familiares.
PROMETEM NOVAS AÇÕES – Contagiados pela receptividade e sensíveis às carências das crianças venezuelanas, os professores e estudantes da ECIT Daura Rangel já querem transformar a ação social em algo mais perene e já vislumbram o Natal dos pequeninos e de suas famílias.
“Não podemos parar por aqui. Vamos convidar mais pessoas e também outras entidades para se engajarem e se envolverem com esses refugiados, pois estão cercados de carência no seu cotidiano. A meta deve ser a transformação social dessa comunidade de refugiados”, apontou a professora de Sociologia, Acsia Lino.