Uma nova transferência do delegado Lucas Sá, a segunda em menos de 3 meses, vem chamando a atenção da mídia nacional, que repercutiu nesta quarta-feira, a remanejamento dessa vez para uma delegacia na cidade de Cabedelo. Lucas Sá foi responsável pela investigação e deflagração da Operação Cartola, que denunciou esquema de compra de resultados dos jogos do Campeonato Paraibano de Futebol.
A Operação Cartola já foi destaque em três reportagens da Rede Globo de Televisão, e na última vez que a matéria foi exibida e envolveu o nome do ex-governador Ricardo Coutinho, o Governo retirou o delegado Lucas Sá da titularidade da Delegacia de Defraudações. Veja abaixo matéria completa na Uol:
Principal homem à frente da investigação da Operação Cartola, responsável por desvendar um poderoso esquema de corrupção no futebol paraibano, o delegado Lucas Sá voltou a ter seu cargo alterado pela Secretaria de Segurança Pública da Paraíba. Em menos de três meses, ele foi transferido de função duas vezes com a justificativa de ‘adequação administrativa’.
A primeira mudança aconteceu em outubro de 2018, quando o então governador Ricardo Coutinho (PSB) promoveu alterações nos comandos das principais delegacias de polícia da Paraíba. Delegado titular de Defraudações de João Pessoa (PB), Lucas Sá foi movido para o cargo de delegado adjunto de Delegacia Especializada.
Coincidentemente, essa alteração ocorreu três dias após a TV Globo veicular uma reportagem no Esporte Espetacular que apontava interferência política nas acusações do futebol da Paraíba. A matéria expunha conversas e indícios de que o governador Ricardo Coutinho (PSB) sabia de um esquema de propina.
Na época, o então Secretário de Segurança Pública do Estado, Claudio Lima, negou que a motivação tenha sido a veiculação da reportagem. Segundo ele, as mudanças representaram uma estratégia de gestão.
Já a segunda mudança, realizada no início dessa semana e publicada no Diário Oficial do Estado, moveu Lucas Sá para o cargo de delegado titular de Delegacia Distrital de Cabedelo, região metropolitana de João Pessoa (PB). Ou seja, uma ‘delegacia de bairro’ que cuidará de crimes bem mais rasos se comparado com o que ele estava acostumado há meses atrás.
Na prática, Lucas Sá não terá mais atribuição para investigar casos mais complexos, como corrupção e organização criminosa. Agora, ele cuidará apenas de infrações de menor potencial. Na visão da Secretaria de Segurança, porém, a mudança não significa um rebaixamento.
“Na verdade, ele não foi rebaixado, pelo contrário. Ele está com um cargo maior. Ele agora é titular de uma distrital do município mais forte que tem aqui no Estado, superimportante. Isso é um procedimento normal. Tem que fazer um remanejamento e as adequações buscando sempre a melhoria na prestação de serviço. Nenhum policial ou delegado é maior do que a instituição. Então o que precisa é haver algumas adequações administrativas no sentido de melhorar a prestação de serviço para a população”, disse Jean Nunes, secretário de Segurança Pública da Paraíba, em entrevista ao UOL Esporte.
“Não existe, ao contrário do que alguns querem pregar, inamovibilidade na polícia, não. Não existe achar que, porque fez uma operação ou outra, vai ficar preso na delegacia por um determinado tempo. Eu já fui delegado de várias delegacias e já fui transferido de várias delas e sempre entendi como um ato administrativo normal”, acrescentou.
Divulgação
A Operação Cartola foi desencadeada no dia 9 de abril, quando Polícia Civil e Ministério Público revelaram um enorme esquema de corrupção no futebol da Paraíba – incluindo manipulação de resultados e pagamento de propina – com a participação de dirigentes da Federação Paraibana de Futebol, clubes e árbitros.
A Operação Cartola investigou mais de 100 pessoas e já resultou no banimento de cinco dirigentes e nove árbitros após julgamento do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).
Repercussão negativa na Paraíba
A nova mudança de Lucas Sá rendeu uma série de críticas negativas ao governo da Paraíba e à Secretaria de Segurança Pública do Estado. Através das redes sociais, diversos políticos classificaram a ação como ‘perseguição’. Entre eles, Wallber Virgolino (PATRI), deputado estadual, e Julian Lemos (PSL) e Pedro Cunha Lima (PSDB), deputados federais.
“Eu vi alguns comentários, mas a verdade é essa. São adequações administrativas. Não foi só ele que foi remanejado, uma série de outros delegados foi. Ele deixou de ser adjunto para ser titular de uma municipal na região metropolitana”, acrescentou Jean Nunes.
Uol