A Paraíba está estarrecida desde a última terça-feira, dia 19, com a deflagração da Operação Juízo Final, 7ª fase da Operação Calvário.
Desvendada uma organização criminosa apontada como responsável por desvios milionários nas áreas da saúde e educação do estado da Paraíba.
A investigação vem sendo efetivada por uma Força-Tarefa, a partir da condução do Gaeco do MPPB, com Ministério Público do Rio de Janeiro, Ministério Público Federal, Controladoria Geral da União, Tribunal de Contas da União, TCE/PB, e Polícia Federal
Interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça, delações premiadas , gravações de reuniões entre os investigados, inclusive entre Daniel Gomes da Silva e Ricardo Coutinho, considerados os chefes da organização criminosa, na espera privada e no poder público, respectivamente.
No capítulo de delações constam revelações confirmadas pela investigação, de Leandro Nunes e Maria Laura Caldas, servidores recrutados para operar recebimentos, guardar e efetivar pagamentos a partir de dinheiro de propina.
Consta também delação de Livânia Farias, ex-procuradora da Prefeitura de João Pessoa, e secretária de Administração do Estado que controlava a central de compras, responsável por milionárias licitações na Paraíba.
Livânia confirmou a entrega de milhões de reais nas mãos ao ex-governador Ricardo Coutinho, na própria Granja Santana, residencial oficial do governador.
Ivan Burity, também preso na Operação Calvário, também fez acordo de delação e revelou com detalhes suas viagens em avião particular , chegando a Paraíba, utilizando o hangar do estado, para trazer milhões de reais em propina. Ivan confirmou à investigação que Ricardo Coutinho era o chefe da orcrim.
O controlador da Cruz Vermelha , Daniel Gomes da Silva, considerado o chefe da organização criminosa na esfera privada, também fez acordo de delação premiada, e apresentou gravações e documentos, revelando diálogos com o ex-governador Ricardo Coutinho, para tratar de valores e datas de pagamentos de propina.
Afora outros delatores, a exemplo de Michelle Louzada, que confirmou ter vindo à Paraíba diversas vezes entregar milhões de reais de propina à Coriolano Coutinho, irmão do ex-governador Ricardo Coutinho.
Por tudo a ministra Laurita Vaz entendeu haver demonstração suficiente para a manutenção da prisão de cinco presos na Operação Calvário, Coriolano Coutinho (irmão do ex-governador Ricardo Coutinho), Gilberto Carneiro (ex-procurador geral do estado), Valdemar Ábila, Márcio Nogueira, Hilário Ananias.
A ministra Laurita Vaz é a relatora do processo da Operação Calvário no Superior Tribunal de Justiça, ela é quem vai estudar com profundidade a denúncia, a decisão de prisão preventiva e os habeas corpus para julgamento do mérito.
Em menos de 24 horas de a ministra Laurita Vaz negar soltura de cinco presos na Calvário, o ministro Napoleão Nunes Maia, entendeu completamente diferente da ministra relatora, e decidiu soltar quatro investigados, inclusive Ricardo Coutinho, ex-governador e apontado na Operação Juízo Final como o chefe da organização criminosa na esfera pública.
Os paraibanos estão agora sem entender. A mesma Operação Juízo Final/Calvário, a mesma Corte (STJ) e decisões antagônicas, com 5 investigados mantidos presos, e 4 sendo soltos, inclusive o apontado como chefe da orcrim.
Com a notícia do habeas corpus, aliados do ex-governador foram para as proximidades da penitenciária, dançar uma ciranda para comemorar. Mas quem dançou mesmo foram milhares de paraibanos que perderam seus entes queridos por falta de cirurgia, por falta de medicamento e até de atendimento.