Deputados do núcleo duro Girassol, a exemplo de Estela Bezerra, Hervázio Bezerra, Buba Germano e Jeová Campos (eram em 15) participaram de um café da manhã, nesta segunda-feira, no hotel Íbis, na orla do Cabo Branco, área nobre da cidade de João Pessoa. No cardápio nada de “traíras” como foram rotulados parlamentares durante a votação na qual o Governo queria acabar com voto secreto na eleição da mesa, e assim ter maior poder de pressão sobre os aliados na escolha do presidente e demais membros da mesa diretora da Assembleia Legislativa.
A missão dos articulares, e para isso tinha um secretário do Governo do Estado no café, é reverter uma situação adversa em que está em jogo o desejo do “conselheiro” Ricardo Coutinho de impor seu gosto pessoal por Buba Germano e Hervázio Bezerra nos dois biênios da mesa diretora da Assembleia Legislativa da Paraíba.
Quem não lembra que o deputado Adriano Galdino (PSB) tomou iniciativa de articular sua eleição para presidente da AL no primeiro Biênio, e o fato gerou um rebuliço no jardim Girassol, com o ex-governador, hoje “conselheiro” Ricardo Coutinho” dando soco na mesa e gritando aos quatro cantos que toda decisão deveria passar, obrigatoriamente, pelo Bosque das Orquídeas.
Adriano Galdino cumpriu o dever de casa e foi ao então governador, para demonstrar sua humildade e pedir o chefe abençoar sua eleição à presidência da AL. Foi o encontro do faz de conta. Ele fingia que acreditava , e o “conselheiro” fingia que o nome de Galdino atendia sua preferência.
O fato é que o ex-governador sempre demonstrou predileção por Buba Germano e Hervázio Bezerra, e para isso iria tentar de tudo, inclusive acabar com o voto secreto, como parte dos planos, para indicar seus candidatos aos dois Biênios, na AL. Mas nem tudo ocorreu conforme os planos.
Os deputados são divididos em bancadas de Oposição e Governo, quando o assunto é Governo. Mas quando o assunto é Poder Legislativo eles sabem que precisam estar unidos, para preservar sua incolumidade. Eles mostraram que o chefe do Poder Executivo pode muito, mas não pode tudo, e derrotaram a tentativa de acabar o voto secreto em eleição da mesa.
Ato contínuo a derrubada do voto aberto, o deputado Ricardo Barbosa, foi escalado por um grupo para falar à imprensa, e amenizar a derrota não do Governo, mas do ex-governador. E de pronto anunciar : depois de Galdino, será Tião, Branco ou Ricardo Barbosa.
Para reverter o jogo, total ou em parte, os deputados mais ligados ao Bosque das Orquídeas, tomaram um café da manhã, já tarde, depois da 9h30, e sem “traíras” no cardápio. A estratégia é amenizar o tom para evitar trincar o cristal da unidade.
Marcelo José
Jornalista e advogado