Prometido por Ricardo Coutinho, quando foi prefeito por dois mandatos, o programa de habitação no Centro Histórico da Capital, será entregue na próxima terça-feira, pelo prefeito Luciano Cartaxo (PV). Trata-se do primeiro programa público de habitação em áreas históricas do País. Os antigos casarões da Rua João Suassuna reabrem as portas em um novo conceito de moradia e de uso comercial, se consolidando como um novo marco para Centro Histórico de João Pessoa. Na Villa Sanhauá, músicos, artistas plásticos, fotógrafos, designers e outros profissionais ligados à economia criativa se preparam para mudar de endereço, trazendo vida nova para a região onde a cidade nasceu.
A revitalização dos casarões, esperada há mais de 14 anos pela população, integra um conjunto de obras e ações desenvolvidas pela Prefeitura de João Pessoa que estão mudando o perfil do Centro Histórico. O projeto foi orçado em aproximadamente R$ 4 milhões, com recursos próprios da administração municipal. “Tirar a Villa Sanhauá do papel exigiu coragem e planejamento em todas as etapas. Agora, estamos mostrando para o Brasil que é possível avançar com obras em áreas essenciais como saúde, educação e habitação, sem esquecer da nossa história, prezando pelo passado que aponta para o futuro”, disse o prefeito Luciano Cartaxo.
No primeiro piso dos oito casarões, além de cinco habitações, irão funcionar a Casa do Samba JP, comandada pelo sambista Preto Netto, o restaurante Vila do Porto, duas galerias de artes, um estúdio fotográfico e o Grupo Cultural de Maracatu Pé de Elefante. No segundo, estão instaladas as 12 unidades residenciais, de onde poderão surgir novos ativos culturais criados pelos artistas que foram selecionados. Os ocupantes passaram por um rigoroso processo de análise via edital lançado pela Secretaria de Habitação e assinaram termos de cessão e permissão para o uso dos prédios. “Com a Villa Sanhauá estamos aliando moradia com ocupação cultural permanente, fazendo pulsar um dos maiores ativos de João Pessoa que é a criatividade”, disse a secretária Sachenka Bandeira.
Patrimônio – O Villa Sanhauá foi concretizado respeitando todas as regras e legislação que regem os patrimônios históricos, passando pelo crivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e também do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba (Iphaep). A Prefeitura transformou os casarões em 17 unidades habitacionais e seis comerciais, além de um prédio destinado à Casa do Empreendedor de João Pessoa, oferecendo um novo polo de serviços.
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PROMESSA DE RICARDO COUTINHO
Após anunciar à população a revitalização do Centro Histórico com a construção e entrega de 35 apartamentos, durante anos, o então prefeito da Capital ainda chegou a lançar o projeto Moradouro, em março de 2007, anunciando o início da sobras para o mês de abril. O projeto nunca saiu do papel, a exemplo de outras promessas do então gestor.
Veja a publicação da Secretaria de Comunicação da Prefeitura de João Pessoa, à época em que Ricardo, era prefeito da Capital, referente a construção de apartamentos no Centro Histórico, no início de 2007 :
O prefeito Ricardo Coutinho (PSB) lança, nesta quinta-feira (29), às 17h, na Praça Antenor Navarro, o Programa Moradouro, que vai transformar prédios abandonados em edifícios residenciais, possibilitando a revitalização do Centro Histórico de João Pessoa, através da habitação. As obras de restauração e requalificação dos sete primeiros casarões, que abrigarão 35 apartamentos, já começam neste início de abril. Os prédios estão situados na Rua João Suassuna, entre a praça e a Estação Ferroviária, no Varadouro. A solenidade vai contar a apresentação do grupo de choro Luar do Sertão.
O lançamento do edital para a escolha das empresas que vão trabalhar na reforma será divulgado na ocasião. A obra, que será financiada pelo Programa de Arrendamento Residencial (PAR), tem recursos do Governo Federal através da Caixa Econômica Federal e contrapartida da Prefeitura de João Pessoa (PMJP) que entrou com os casarões, a idealização do projeto e a viabilização do empreendimento.
Os casarões fazem parte de um conjunto arquitetônico em estilo art decor, elaborado por arquitetos italianos entre as décadas de 20 e 40. “A ação municipal é de fundamental importância para a revitalização de João Pessoa”, disse Sonia Maria Gonzalez, da Comissão do Centro Histórico. Ela ressaltou que não se pode revitalizar sem pensar na promoção habitacional da área. “O morador é quem realmente dá vida ao local porque são essas pessoas que cuidam, que fiscalizam e atraem determinados tipos de comércio”.
A secretária de Habitação Social, Emília Correia Lima, disse que todas as experiências nacionais e internacionais existentes demonstraram que só conseguem revitalizar e manter os centros históricos ativos se incluírem unidades habitacionais. “Desejamos que os futuros moradores valorizem o local como seu espaço de vida e não façam de lá apenas dormitórios”, destacou.
A elaboração do projeto para os casarões do Centro Histórico é do arquiteto Amaro Muniz e equipe, da Secretaria de Planejamento (Seplan) e do arquiteto da Secretaria de Habitação Social (Semhab), Marco Suassuna e equipe, responsável pelo projeto do casarão 49. Os sete prédios manterão a sua fachada original, mas todo o espaço interno será modificado para uso habitacional.
Layout – Cada um dos sete casarões vai conter cinco apartamentos sendo que em cinco deles esses espaços terão suítes. Os apartamentos estão orçados em aproximadamente 35 mil reais. A área construída de cada apartamento terá uma variação de 52 a 68 metros quadrados, distribuídos em dois quartos, sala única, cozinha, área de serviço e banheiro. A Secretaria de Habitação está definindo junto ao prefeito Ricardo Coutinho os critérios para a demanda.
Show de choro – Para marcar a assinatura do convênio onde todos os olhares estarão voltados para o rico cenário de tombados casarios históricos, o clima será de pura contemplação ao som do romântico e genuíno ritmo brasileiro – o chorinho – que será executado pelo grupo Luar do Sertão, já conhecido do público paraibano.
No repertório, um apanhado de músicas que demonstram o vigor com que o chorinho resiste até os dias atuais e continua conquistando, inclusive, jovens que bebem em fontes como Pixinguinha, Valdir Azevedo, Joaquim Antônio da Silva Calado, Noel Rosa, Moacir Santos, Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazaré e Altamiro Carrilho.
Para quem conhece pouco o chorinho, o grupo apresentará canções como Flor amorosa, o primeiro choro gravado no Brasil, datado de 1880 e composto por Joaquim Antônio da Silva Calado, além de outros clássicos da velha guarda.
O Luar do Sertão é formado por Gerônimo Pedro no violão de sete cordas; Mário Bandolim, no instrumento como solista; João Correia de Farias, no cavaquinho; Lula do Pandeiro, no instrumento que é pura percussão; Luizinho, nos vocais e percussão; Penha Franco, como vocalista e intérprete de chorinhos e Juracy Régis como coordenador do grupo e pesquisador musical.
Secom-JP