Em setembro de 1991 o governador em exercício Cícero Lucena assinou o publicou decreto nº 14.073, que passava à responsabilidade do comando da Polícia Militar da Paraíba a gestão do Hospital General Edson Ramalho.
Foi uma solução ágil e providencial pois o Hospital estava fechado, com greves de servidores, e a população, sobretudo os policiais e bombeiros militares sofrendo sem um espaço de atendimento à saúde.
De lá até hoje são 32 anos de gestão de oficiais da Polícia Militar da Paraíba a frente do Hospital General Edson Ramalho, sem qualquer escândalo de corrupção.
A Operação Calvário, que desvendou o maior escândalo de corrupção na história da Paraíba, com desvios milionários da saúde, revelou esquemas corrosivos no erário na gestão de Hospitais como Trauma de João Pessoa, o Metropolitano de Santa Rita, o Hospital Geral de Mamanguape, o Hospital de Patos, UPAS entre outras unidades, só não chegou na porta do Hospital Edson Ramalho.
Sem constar em relatórios do Gaeco-MPPB, sem ser alvo de qualquer mandado ordenado pela Justiça, sem ser visitado pela Polícia Federal, foi exatamente o Hospital General Edson Ramalho, o escolhido para passar por uma grande transformação, a partir da mudança de gestão, saindo da administração da Polícia e sendo transferido para a PB Saúde, Fundação criada pelo Governo para administrar pessoal e unidades de saúde.
Passados 32 anos o governador João Azevedo decidiu, de hora pra outra, “derrubar” o decreto assinado pelo então governador em exercício da época, Cícero Lucena.
Quem ouviu recentemente os relatos de oficiais do quadro de saúde da Polícia e Bombeiros Militares, durante uma reunião no Clube dos Oficiais da PM e BM da Paraíba, percebeu o sentimento de desvalorização, desrespeito e ingratidão que toma conta dos profissionais.
Não se trata de usurpar a prerrogativa do governador João Azevedo, afinal as eleições lhe concederam a reeleição, o mandato é dele, o poder é dele.
Mas pra tudo há limites e meios, inclusive para quem detém o poder, pois até a quem tem o poder não pode tudo, e a prudência ensina os meios de exercer com grandeza o poder que lhe foi outorgado.
O governador João Azevedo com certeza nessa decisão do Governo de mudar a gestão do Hospital Edson Ramalho, até agora não ouviu o coração da unidade, o corpo de médicos e enfermeiros, do quadro de saúde da Polícia e Bombeiros Militares.
Se o governador soubesse a história e a luta do general do Exército Edson Ramalho, que foi comandante geral da PM, em prol da construção do Hospital que hoje tem o seu nome, certamente, trataria com mais cautela e diálogo, uma decisão definida em quatro paredes.
Para quem sempre atribui a adversários a pecha de antidemocráticos, o governador João Azevedo, não está muito longe de ser um. O quadro de saúde da Polícia foi consolidado com concursos e formação de grandes profissionais, e estes sequer foram ouvidos nesse processo.