Este é o refrão da famosa música da campanha eleitoral de 1960 que colocou triunfalmente Pedro Moreno Gondim, aos 36 anos, no Palácio da Redenção, que havia ocupado antes na condição de vice em face de doença do titular do cargo.
Pedro, que havia sido deputado estadual anteriormente, era advogado formado pela vetusta Faculdade de Direito de Recife, berço de intelectuais, luminares das ciências jurídicas e líderes revolucionários – um advogado preparado para mexer no seu meio e interferir no seu tempo.
Dizem os contemporâneos da época que a sua campanha despertava tantas paixões coletivas que os eleitores faziam doações em dinheiro nos postos de coleta distribuídos no Ponto de Cem Réis , tamanha a vontade popular de mudar a tradicionalidade e dar respostas aos líderes dominadores de então.
De fato, há época em que os líderes não querem liderar, querem chefiar, ser donos, proprietários dos eleitores, escravizando o voto como se não fosse um direito do eleitor, e sim uma obrigação ( não uma obrigatoriedade de votar nas eleições, mas de votar neles, os chefes, ou em quem eles indicam ). Sinais alarmantes de atraso e de um caldo de cultura escravagista infame, formando latifúndios eleitorais e navios negreiros de escravos alforriados.
A Paraíba virou um navio negreiro à deriva, ou uma senzala dos senhores da cana de açúcar dos tempos coloniais, onde cidadãos de todas as cores devem tributos a seus senhorios e por isso não têm a liberdade de pensar livremente. Têm carta de alforria mas são prisioneiros por dívidas de submissão impostas por aqueles que nem sabem mais o quanto NÃO mandam, mas mesmo assim ainda acham que é possível mandar e escravizar. E é MANIA contagiante como a febre amarela que se espalha de uns para outros em um mesmo lugar . Que coisa dizimadora ! … e eles nem percebem, né ?
Precisamos de líderes messiânicos, esnobes, egoístas , ufanistas, incensados no culto à personalidade e na autovangloriação ? Então não precisamos de mais, estamos completos, lotados, temos de sobra. Mas se precisamos derrubar as portas das senzalas e quebrar as últimas algemas, invadir o navio negreiro e libertar os escravos, então é preciso reagir e dar respostas a essa pasmaceira que paralisa a sociedade, como se ela tivesse de aceitar tudo em honra a esses deuses mitomaníacos que querem ser adorados como bezerros de ouro.
O povo não pode ser paralisado por projetos individualistas e ambicionais de seus supostos líderes. Se as águas do mar se mexem, se o ar atmosférico se move, se a Terra gira, a vida social nunca pode parar. O indivíduo não tolera estagnação, é contra a sua natureza real – quando para, morre. Quando a sociedade fica privada de seus movimentos naturais, ou estoura ou vira escombros, entulhos, cemitérios.
No estado de letargia geral, é preciso ferir a lei do silêncio, romper com a acomodação que só interessa aos maiorais, mexer nessa casa de maribondos celestiais que afugenta outros seres vivos de seus derredores , onde se encastelam e se protegem pecadores achando que são divindades
É hora de outro Pedro para bulir nesta monotonia suspeita e escravizante. Essa redoma de preservação de interesses personalistas e narcisistas que alija o povo na discussão eleitoral, logo ele que tem a força capaz de prover e mover mandatos populares, exercidos, porém, como prêmios e honrarias e não como encargos.
SEM ÓDIOS, sem ranços , sem intrigas e futricas, sem disputas paroquiais, sem fisiologismos, sem corrupção, sem vacilações, SEM MEDO, sem histrionismos, sem endeusamentos, antecipando o novo país que pode está vindo por aí : O HOMEM É PEDRO.