Quando alguém resolve escrever, a liberdade é total, o papel aceita tudo, como diz o ditado popular. Ainda mais agora, num sentido ampliado, com as redes sociais, blogs, sites e por aí vai…
O jornalismo que tinha monopólio da notícia, passou a esgrimir, duelar com qualquer pessoa com uma conta em uma rede social. Um desafio enorme para o jornalismo, mas sobretudo para o juiz da informação, o leitor, o ouvinte, o telespectador.
Antes era simples dizer: — Deu no jornal, eu vi. É verdade!
Hoje não, todas as notícias são contestadas e o jornalismo em autoproteção colou até um adjetivo a profissão, o pleonasmo “jornalismo profissional”, para tentar se destacar da concorrência orgânica com as redes sociais.
Uma redundância. — Existe por acaso jornalismo amador? — Claro que não!
Existe jornalismo e pessoas livremente opinando sobre tudo, com suas versões e crenças e isso talvez incomode os antigos proprietários da verdade.
O “choro é livre”, não haverá nunca mais o monopólio da notícia e que cada um se responsabilize pelo que escreve ou diga, ainda mais se for uma mentira ou quando houver injustiça.
No caso da operação policial no Jacarezinho, Rio de Janeiro, a imprensa no geral foi injusta com os policiais. Todos os mortos no confronto com a polícia tinham ficha criminal ou envolvimento com o tráfico relatado por parentes segundo o inquérito.
Pior, muitos veículos de comunicação ainda insistem no erro condenatório e tratam os criminosos como vítimas, ao tempo que seguem criminalizando os policiais.
No mínimo grande parte dos jornalistas foram precipitados em sentenciar quem seria o mocinho e o vilão nesta história, em uma completa inversão de valores por motivos ideológicos.
Um dos maiores problemas do nosso jornalismo é o viés progressista dominante, desde a formação na academia até as principais redações.
Evidente que há exceções, um bálsamo, um oásis, contudo quem não reza na cartilha progressista no jornalismo, facilmente é identificado como gado desgarrado da boiada.
Não se trata aqui de uma ofensa gratuita aos jornalistas, mas tão somente uma crítica a quem por ofício faz críticas a todo mundo.
Afinal de contas, não resta dúvida na opinião pública, o juiz da notícia, que a imprensa, no geral, pisou na bola e fez um verdadeiro papelão neste episódio.
Aprendo todos os dias com os jornalistas e penso que quem se predispõe a ser martelo, também se coloca no risco de ser prego e no caso da operação policial no Jacarezinho, o jornalismo é prego!
Não sou senhor da verdade, longe disso, mas sugiro aos amigos jornalistas que leiam ou releiam o que tanto o genial Balzac falou sobre o jornalismo e os jornalistas no romance “Ilusões Perdidas”.
“De manhã, eu sou da mesma opinião que meu jornal, mas à noite eu penso aquilo que eu quero.” Balzac
Tudo bem, não sou jornalista, mas não me vejam apenas como um enxerido, um metido. Sou o cliente que consome notícia, que compra jornalismo e que hoje liga para o 0800 para reclamar, simples assim.
Esse episódio deveria servir como oportunidade para uma reflexão ética sobre o jornalismo, sobre o sentido maior dessa belíssima profissão. Uma ilusão perdida.
— O jornalismo deve servir a quem ou ao que? Qual o propósito do jornalismo?