Chicago, dia primeiro de maio 1886, mais de 340 mil trabalhadores cruzaram os braços buscando uma justa redução da jornada de trabalho, de absurdas 17 horas, para 8 horas e melhores condições de trabalho.
Nessa manifestação houve confronto com policiais, o que resultou em prisões e mortes de trabalhadores.
Desde então, em diversas partes do mundo, manifestantes vão às ruas relembrar as vítimas deste confronto e lutar pelas causas trabalhistas.
Nasce o dia do trabalhador ou do trabalho e em muitos lugares instituído feriado nacional, como aqui no Brasil desde 1925 com o presidente Artur Bernardes.
Inflamada inicialmente por anarquistas americanos o dia do trabalho se tornou a data mais importante da esquerda no mundo, uma espécie de apoteose para sindicatos e partidos socialistas e comunistas. Uma espécie de natal vermelho.
Acontece que a realidade do trabalho mudou bastante ao longo dos tempos, a própria concepção de emprego também passou por profundas mudanças, mesmo que ainda haja situações de exploração e até de escravidão nos dias de hoje.
De certo que sindicados pararam no tempo e se estatizaram. Hoje, 135 anos depois do episódio de Chicago, grande parte dos trabalhadores não se sentem mais representados por sindicatos e partidos de esquerda.
O trabalho sempre foi um direito individual e fruto das relações humanas e socais, jamais uma concessão estatal, antes mesmo da existência do estado já havia trabalho. O estado pode até punir abusos na relação trabalhista e criminalizar a escravidão e a exploração, mas jamais regular e dificultar a empregabilidade das pessoas num mundo de mudanças rápidas e constantes.
Com a pandemia tudo isso se materializou, a esquerda e os sindicatos não saíram às ruas em defesa dos empregos e do trabalho, pelo contrário, o que assistimos foi o silêncio e a defesa do “fique em casa”, do “Lockdown”, até para aqueles que não tinham condições de sobreviver sem trabalhar.
Por sua vez, quem esteve nas ruas em defesa dos trabalhadores, não só no Brasil, como no mundo, foram os conservadores, que defendem o direito individual de trabalhar, como os liberais que defendem a livre iniciativa e o empreendedorismo.
No Brasil, além do mais, temos o presidente da República, Jair Bolsonaro, que sempre defendeu o trabalho contra ações de governadores e prefeitos, que fecharam comércios e proibiram o funcionamento de atividades econômicas que impactaram sobretudo as camadas mais populares da sociedade.
Com tudo isso, haveremos de ter no próximo dia 1 de maio, o primeiro dia do trabalho azul, com manifestações populares genuinamente conservadoras e liberais em defesa do direito de trabalhar.
Uma novidade e marco na história do trabalhismo no mundo e em especial no Brasil.
Antes de qualquer direito trabalhista, há o direito de trabalhar, afinal de contas, não há direito trabalhista sem o direito ao trabalho e como disse o conservador e republicano Ronald Reagan, ex-presidente americano:
“—Acredito que o melhor programa social é um emprego.”
As pessoas irão às ruas no próximo sábado em busca do dereito fundamental e essencial de trabalhar, homenageando médicos e profissionais de saúde que doaram suas vidas, assim como o pessoal da limpeza urbana, do setor de alimentos, da agricultura ao supermercado, do transporte urbano e de cargas, da segurança pública, dos serviços de água e energia, que não pararam um só dia, além de lembrar todos que perderam empregos, que faliram, que foram proibidos de subsistir neste momento trágico que vivemos.
Todo trabalhador empregado ou desempregado perdeu algum conhecido, amigo ou parente nesta pandemia, vítima do coronavírus, mas trabalhar é uma necessidade vital de sobrevivência.
Que venha o dia azul do trabalhador, um dia para a história e para muitas lições, onde o direito à saúde e ao trabalho podem ser conciliados, na certeza que uma frase significativa ecoará:
“Não vou permitir que violem a dignidade humana de um trabalhador” Wesley Soares, policial militar baiano morto por colegas.