O ex-policial civil e advogado Flávio Moreira encaminhou ao Blog uma análise de quem conviveu com os delegados citados no episódio, e atualmente exerce a advocacia e sabe da importância do respeito as prerrogativas dos advogados. Veja abaixo :
NOTA A IMPRENSA
Tenho acompanhado desde quinta feira as noticias sobre a confusão envolvendo os Delegados Viviane Magalhães e Afranio Doglia, os quais acusam advogados de desacato, que por sua vez acusam os delegados de abuso de autoridade.
Como todos sabem, minha trajetória de vida se mistura com a história da Polícia Civil da Paraiba.
Minha posterior opção pela advocacia jamais me tirou o amor pela instituição policial civil. Confesso-me surpreso com a reação da DPC Viviane, mostrada em vídeo e, conhecendo-a pessoalmente, tanto ela quanto o DPC Afranio, não posso deixar de questionar o que houve antes para reação tão agressiva.
Digo isso porque os dois delegados envolvidos na situação, que são casados, não tem histórico de arbitrariedades, ao menos que eu conheça. Não conheço os colegas advogados envolvidos no episódio, porém é inequívoca a importância da Comissão de Prerrogativas.
Todo e qualquer abuso perpetrado contra a advocacia é um atentado contra a própria democracia, face a importância do mister desta para a cidadania. De igual forma, desrespeitar policiais em atividade, é algo igualmente inadmissível, pois policiais são cidadãos que arriscam suas vidas para defender a cidadania.
A situação precisa ser rigorosamente apurada e os culpados severamente punidos. Na situação presente, o corporativismo de ambas as categorias estão sendo criticados injustamente, pois o que seria de categorias tão castigadas e discriminadas sem o mínimo de corporativismo?
O que me preocupa nesse lastimável episódio é a generalização e a postura de alguns querendo tornar inimigos advogados e policiais! Policiais e advogados são ALIADOS na busca da justiça, jamais ADVERSÁRIOS.
A generalização arquitetada por alguns é prejudicial a toda a sociedade e ao transformar advogados e policiais em inimigos alguns estão esquecendo que amanhã poderão precisar uns dos outros, afinal quem é que defende o policial quando precisa e quem é que defende o advogado do crime?
Espero que os fatos sejam rigorosamente apurados e quem errou responda, nos exatos termos da lei, pelos seus excessos. O que desejo, arduamente, é que não generalizem e não tentem tornar duas profissões, igualmente importantes, inimigas por um episódio isolado.
Repito, exaustivamente: que os que se excederam e abusaram de suas prerrogativas profissionais sejam punidos com o rigor que o episódio merece.
Só não queiram que a advocacia odeie a polícia e vice versa. Expor a perda de um filho e a dor de uma mãe e de um pai como argumento para desqualificar alguém não é coisa de advogado, é coisa de animais. Qual o pai ou mãe que não ficaria perdido, ao menos por um período, com a perda de um filho de dois anos? Isso não é admissível. É cruel e degradante.
A sociedade já tem problemas demais para conviver com uma guerra entre a advocacia e a policia. Esse preço, o povo não pode pagar.
FLAVIO MOREIRA
Advogado e ex-policial civil