A Operação Placebo deflagrada na manhã desta terça-feira, dia 26, para apurar suspeitas de irregularidades em compras para combate a covid-19 tem semelhanças com a Calvário no Rio de Janeiro e na Paraíba. Em ambos os casos existe uma Organização Social contratada pelo Governo do Estado , e as duas Operações foram iniciadas a partir de investigações do Ministério Público Estadual compartilhadas com a Procuradoria Geral da República.
Outro dado comum às duas Operações Placebo e Calvário é o delator, Daniel Gomes da Silva, o controlador da Organização Social Cruz Vermelha contratada pelo então governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, logo no primeiro ano de mandato, para administrar o Hospital de Trauma de João Pessoa.
Daniel Gomes da Silva gravou em 10 anos de convivência conversas e reuniões que teve com Ricardo Coutinho, Gilberto Carneiro, Livânia Farias, Waldson de Souza, e outras figuras do núcleo Girassol do poder na época.
Daniel Gomes da Silva e sua secretária de confiança nas operações, Michelle Louzada Cardoso, foram presos em dezembro de 2018 na primeira fase da Operação Calvário no Rio de Janeiro. Os dois resolveram assinar acordo de delação premiada e apresentar provas e informações sobre o esquema criminoso.
DELAÇÃO ENVOLVE GOVERNADORES – Em sua delação Daniel Gomes da Silva contou com detalhes como funcionava todo o esquema e revelou que o ex-governador da Paraíba Ricardo Coutinho era o chefe da orcrim.
Daniel revelou detalhes de como funcionava os esquemas na Paraíba e no Rio de Janeiro e em sua delação citou o nome de governadores, deputados federais e outras autoridades. Em razão disso, envolver governadores, o acordo de delação foi homologado pelo Superior Tribunal de Justiça.
OPERAÇÃO PLACEBO – A Polícia Federal deflagrou cumpriu na manhã desta terça-feira (26), mandados de busca e apreensão em 11 endereços residenciais e comerciais no Rio de Janeiro. Os locais são ligados a pessoas investigadas em inquérito instaurado para apurar suspeitas de desvios de recursos e fraudes em processos de licitação para compra de equipamentos e insumos destinados ao combate à covid-19 no Rio de Janeiro.
Entre os alvos das medidas cautelares está o governador Wilson Witzel (PSC). A ordem para as medidas cautelares partiu do relator do caso do Superior Tribunal de Justiça (STJ), o ministro Benedito Gonçalves, e inclui a oitiva dos envolvidos. Por tratar-se de medidas que, neste momento, correm sob sigilo, os nomes dos demais alvos da operação não serão divulgados.
O inquérito apura suspeitas de que uma organização social contratada para fornecer o material necessário para o funcionamento de hospitais de campanha montados pelo governo estadual para atender pacientes infectados fraudou documentos, superfaturou o valor dos insumos. A ação teria a participação de agentes públicos, incluindo gestores da Secretaria Estadual de Saúde, responsáveis pelo processo de compra. Iniciadas no âmbito do Ministério Público Estadual, no Rio de Janeiro, as investigações foram enviadas à PGR, em Brasília, após a identificação de indícios da participação de pessoas com prerrogativa de foro junto ao STJ.
As medidas cumpridas nesta terça-feira têm o objetivo de recolher documentos e outros materiais que possam reforçar o contexto probatório da investigação que apura a prática de crimes previstos nos artigos 89 e 96 da Lei de Licitações (8.666/1993), peculato, corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. A previsão orçamentária do estado era gastar R$ 835 milhões com os hospitais de campanha em um período de até seis meses. A suspeita é que parte desse valor teria como destino os próprios envolvidos. O esquema para viabilizar os desvios envolveria superfaturamento e sobrepreço, além da subcontratação de empresas de fachada.