Conversei com uma série de médicos reservadamente para escrever esse artigo. Médicos com visões diferentes, mas todos com muita propriedade técnica e científica.
A resposta objetiva é sim, pode remotamente causar miocardite, uma inflamação do coração, que geralmente é benigna e em raríssimos casos pode levar a pessoa a óbito.
Quem fez um estudo muito bacana a respeito foi Israel, detentor de um sistema unificado e bastante eficaz de informação para estudar a reação dos vacinados, especificamente com o imunizante da Pfizer, que usa a tecnologia de RNA mensageiro.
O interessante de olhar nesse estudo israelense é o fato do país ser um dos que mais vacinou no mundo e que detém dados confiáveis para analisar as eventuais adversidades.
Na pesquisa foram estudados mais de 2 milhões de pessoas e foi verificado que 2,13 por 100 mil pessoas realmente tiveram miocardite. Um número ínfimo, entretanto recortando por idade e sexo foi visto que entre homens jovens esse número sobe para 10,69 casos por 100 mil vacinados.
Então é verdade afirmar que a vacina aumenta a probabilidade de miocardite? Sim, mas também é verdade que a própria doença do COVID-19 pode ocasionar a miocardite e em probabilidade muito maior que a vacina.
Dito esse preâmbulo, podemos avaliar que vacinação tem sim muita vantagem, não só pela evidente contribuição para o enfrentamento da pandemia, como em comparação com risco de uma reação adversa.
Entretanto, vamos para outros aspectos legais, éticos e morais.
Em contrato, a Pfizer não se responsabiliza por quaisquer efeitos colaterais decorrente de suas vacinas, inclusive as infantis, que assume ser experimental, motivo pelo qual a contração só foi possível depois que o Congresso Nacional aprovou a LEI Nº 14.125, de 10 de março de 2021, que autorizou a aquisição de vacinas dos fabricantes que não assumem responsabilidade alguma.
Então, qual o cenário? Uma pandemia terrível que vitimou centenas de milhares de vidas, vacinas sem garantias de seus fabricantes e governos impondo uma série de restrições para o não vacinado.
Bem, considero ilegal e autoritário, com riscos à saúde das pessoas, o poder público instituir uma espécie de “apartheid”, com a exigência de passaporte sanitário, coagindo e segregando os não vacinados.
Tudo bem, não há dúvida que a vacinação é um risco muito menor que a doença em si, entretanto o poder público não tem como garantir ao cidadão que ele não terá uma miocardite grave e fatal depois de vacinado, por mais remoto que seja a possibilidade.
A decisão de se vacinar precisa ser do indivíduo e nunca, jamais, do poder público, que tem a obrigação de ofertar vacinas e o direito de convencer as pessoas a se vacinarem, ainda mais quando envolver pessoas com comorbidades.
Nos casos das crianças com idade entre 5 e 11 anos os óbitos registrados são em números ínfimos em relação a outras faixas etárias, entretanto ninguém quer ver criança morrendo seja qual for o motivo. Um raciocínio humano a justificar a oferta de vacinas para este grupo.
No Rio Grande do Norte, em dois anos de pandemia, foram registrados 26 óbitos de crianças entra 5 e 11 anos, mas ainda não obtive detalhes destes casos, sobretudo a respeito
de comorbidades presentes nestas crianças.
Pode ser que exista, mas não tive acesso até o momento a um estudo que demonstre o número de óbito de crianças saudáveis com o Covid 19, o que seria de fundamental importância para decisões de qual universo de crianças vale a pena vacinar.
No caso das crianças, ainda mais importante que a vacinação seja facultativa a decisão dos pais, que podem sim consultar um pediatra de sua escolha. Muito se tentou desqualificar a autonomia médica neste debate de vacinação infantil.
O Estado não pode de forma alguma obrigar a vacinação em crianças sem a autorização do responsável, muito menos poderá restringir acessos de crianças não vacinadas aos serviços e áreas públicas como escolas, parques, postos de saúde.
O Estado não tem como garantir nem a eficácia, nem os riscos ao ponto de obrigar vacinação. O Estado pode e deve oferecer a vacina e até dizer suas vantagens para convencer as pessoas, repito.
O passaporte vacinal parece inútil e serve mais ao controle social que a saúde pública. Não podemos permitir o autoritarismo sanitário. Precisamos de bom senso e um debate permanente sobre uma doença que todo dia se renova.
Pessoas com o ciclo vacinal completo seguem adoecendo, o primeiro caso de óbito com a variante ômicron no Brasil foi registrado em um paciente triplamente vacinado, portador de diversas comorbidades graves.
A vacina não é panaceia prometida, mas também não é um fracasso, muito pelo contrário, os casos de óbitos despencaram depois das campanhas de vacinação, mesmo assim os vacinados seguem contraindo e transmitindo o vírus, o que também afasta a justificativa de um passaporte vacinal.
Novas variantes surgem e novas vacinas chegarão, assim como medicamentos, infelizmente essa é a nova realidade do planeta e vamos ter que conviver com isso, muito provavelmente para sempre.
O mais importante é cabeça no lugar e se vacinar contra o pânico e nunca deixar de raciocinar, de pensar, de questionar, pois é o que nos difere de seres irracionais. Olhar também o que há de interesse econômico entorno de laboratórios que não querem se responsabilizar pelos produtos que desenvolvem e vendem.
Por fim, eu tomei a vacina, como tomo remédio, qualquer coisa que me livre dessa praga, mas respeito quem decidiu não se vacinar. Afinal de contas, cada escolha sua consequência e não será o Estado que vai escolher por você.
-Ofertas de Vacinas Sim, obrigação e passaporte NÃO!