O estado da Paraíba reparou um grande equívoco ocorrido com o padre Luciano Lustosa, que foi alvo de uma prisão injusta e ilegal ano passado. Neste domingo o líder religioso foi agraciado com o Título de Cidadão Paraibano, de autoria do deputado estadual Cabo Gilberto Silva, e aprovado por unanimidade pela Assembleia Legislativa da Paraiba.
O deputado estadual cabo Gilberto Silva passou o certificado do Título ao padre Luciano, ladeado
pelo presidente da Associação de Imprensa do Litoral Sul da Paraíba (Assim), o jornalista Eudes Santiago.
JUSTIFICATIVA – O deputado estadual Cabo Gilberto Silva justificou a honraria ao padre Luciano. “É de conhecimento de toda a sociedade, especialmente nas paróquias por onde esteve, no Alto do Mateus, em Cabedelo, em Conde, Alhandra, o trabalho cristão, social, cultural, de prevenção as drogas, de ajuda a juventude, de ajuda as famílias no momento mais difícil da pandemia, por essa larga e extraordinária folha de serviços prestados ao nosso estado da Paraiba apresentamos o titulo de cidadão paraibano ao padre Luciano que foi aprovado por unanimidade da Assembleia Legislativa” justificou o parlamentar.
ENTENDA O CASO – Em outubro de 2020, enquanto pároco da cidade de Conde, Pe. Luciano foi detido pela Guarda Municipal e conduzido à Delegacia de Alhandra, após decidir trocar a cor de um cruzeiro localizado na frente da matriz de Nossa Senhora da Conceição. O monumento originalmente
marrom havia sido pintado de azul pela gestão da então prefeita Márcia Lucena (PT).
Através de ofício à Administração municipal, o padre buscou o retorno da cor original por 3 meses. Sem retorno, ele decidiu devolver o padrão do cruzeiro às expensas da igreja e terminou sendo conduzido à autoridade policial para prestar esclarecimento. Segundo o padre, sua ordem
de prisão partiu da prefeita.
“A gente fica assim de boca aberta diante dos desmandos, diante da arbitrariedade, do autoritarismo, mas também existe um viés comunista nisso, né? A gente sabe disso”, disse o religioso na época.
BIOGRAFIA
Luciano Gustavo Lustosa da Silveira, nasceu em Escada, Pernambuco. Mudou-se para a capital paraíbana em 2006 para completar o curso de Teologia no Seminário Arquidiocesano da Paraíba, já trazendo em seu currículo o curso Técnico de Contabilidade e a graduação em Filosofia, cursados em Pernambuco.
Filho de Gustavo Lustosa da Silveira e da servidora pública Elvira Maria da Silveira, desde criança recebeu uma educação voltada ao temor a Deus, valorização da família e aos deveres de um bom cidadão em relação á pátria.
Começou a trabalhar formalmente aos dezesseis anos, como auxiliar de escritório, sempre se aplicando aos estudos. Aprendeu que o trabalho é um bem precioso e que o estudo é importante para se construir um futuro brilhante.
Concluído o curso de Bacharel em Teologia, no ano de 2008 foi enviado para a paróquia de São José, no bairro José Americo, em João Pessoa, para fazer o estágio pastoral em preparação a ordenação sacerdotal; em junho no mesmo ano foi ordenado diácono e no dia 12 de
dezembro, foi ordenado Padre, se tornando Vigário paroquial. Implantou a pastoral da família no bairro,
trabalhando com as famílias em situação de risco da comunidade do Laranjeiras, prestando um trabalho
espiritual e social.
Nesta mesma época se tornou diretor e professor na Escola de Teologia para Leigo da Arquidiocese da Paraíba que funcionava na Torre.
Por necessidade pastoral, foi enviado em missão no ano de 2009 para trabalhar na Paróquia de São Miguel, no município de Baía da Traição, tendo um olhar atencioso e respeitoso com os Índios Potiguaras.
Por motivo de saúde, voltou à João Pessoa para trabalhar na Paróquia de Santa Clara no bairro Alto do Mateus. Segundo Pe. Luciano, a paróquia apresentava desafios pertinentes as periferias das grandes cidades, como violência e drogas que destroem as famílias. Trabalhou para afastar os jovens das drogas, dando muita atenção e envolvendo-os nos trabalhos da Igreja, principalmente com a música.
Precisou se afastar da Paróquia para cuidar da saúde de sua genitora, que precisava de sua colaboração como filho. E assim, assumiu o oficio de vigário paroquial em sua cidade natal. Assim que a sua mãe se restabeleceu, o padre retornou às terras paraibanas, com as quais nunca perdeu o vínculo.
MISSÃO EM CABEDELO – De volta à Paraíba em 2014, recebeu a missão de criar uma nova Paróquia no município de Cabedelo, a Pró- Paróquia de Nossa senhora do Brasil, na Praia do Jacaré. Uma área carente, populosa, com mais de dez mil habitantes, na época, onde encontrou comunidades violentas, com destaque a comunidade de Vila Feliz.
Padre Luciano começou um trabalho de criação de estruturasfísicas e administrativas para a nova paróquia, com desafios financeiros. Implantou a pastoral da criança para ajudar as crianças daquelas comunidades, vítimas de todo o tipo de violência, principalmente a doméstica, ajudando o Conselho Tutelar na luta contra a pedofilia, exploração de trabalho infantil e prostituição.
Tudo isso, segundo ele, era feito com zelo doutrinal. Articulando associações de moradores e grupos de
promoção humana.
MISSÃO EM CONDE – Em 2017, a pedido do então Arcebispo da Paraíba, Dom Aldo Pagotto (in memorian), movido pelas necessidades pastorais foi enviado à cidade de Conde-PB, com o oficio de Pároco para administrar a Paróquia de Nossa Senhora da Conceição.
O Arcebispo percebia no Padre Luciano, as virtudes necessárias para renovar aquela Paróquia de dois séculos de história. Pe. Luciano disse que sua formação em História, pós-graduação em História e Cultura do Brasil, em Filosofia e Ensino da Filosofia, e Sagrada Escritura, se completou com a nova missão. “Essas especializações me deram o suporte teórico para à práxis pastoral”, afirmou.
MISSÃO CRISTÃ , SOCIAL E CULTURAL – Durante os 5 anos que esteve no Conde o padre contribuiu não só no campo religioso, mas no cultural e social, trabalhando como um exímio professor, formando o povo na doutrina da Igreja; mostrando a identidade católica; interagindo com a sociedade local; se tornando a voz dos que não tinham voz; questionando e não permitindo ingerência do poder político dentro da Igreja; demonstrando o papel de cada um e defendendo a liberdade que deveria haver entre os poderes públicos.
A atuação do vigário incomodou algumas pessoas e grupos políticos que tentavam utilizar o poder para o bem próprio, esquecendo o bem comum. Do seu púlpito pregava a palavra de Deus e dele denunciava todo tipo de corrupção e ações promovidas pelo Poder Público e de grupos ideológicos que criavam e propagavam leis contra as leis de Deus.
CIDADÃO CONDENSE – Suas atividades foram reconhecidas como importantes para sociedade local, a ponto de receber, em 2017, o Título de Cidadão Condense pela Câmara Municipal de Conde. Incentivava o respeito de todos por todos, e o cumprimento dos direitos e deveres dos fiéis na Igreja e na sociedade. Sua postura ordeira o levou a ser perseguido pelos contrários a ordem e aos bons costumes.
VENCENDO A PANDEMIA – Nos primórdios da pandemia do Coronavírus, em pleno isolamento, Pe. Luciano movimentou a cidade com campanha de alimentos e material de higiene em favor das pessoas mais carentes, articulando as pastorais da Igreja e os membros da sociedade condense, prestando auxílios espiritual, social e psicológico a famílias em situação de vulnerabilidade. Sempre com a ajuda da Pastoral da Família e da Criança.
Enquanto Pároco do Conde, Pe. Luciano foi escolhido para ser o Vigário Forâneo (padre responsável por um conjunto de paróquias em uma determinada região pastoral) do litoral sul da Paraíba. Passando a ser colaborador do governo Episcopal e representante do bispo na região.
Agora em 2021, o atual Arcebispo da Paraíba, Dom Manoel Delson, solicitou seus trabalhos pastorais para a Paróquia de Nossa Senhora da Assunção em Alhandra-PB, a quarta Paróquia mais antiga da Paraíba (1758), localizada na cidade que foi a primeira Vila da Paraíba e onde padre Luciano exerce o ministério pastoral atualmente.
VEJA MOMENTO DA PRISÃO DO PADRE LUCIANO EM 2020