Nestes dias insólitos a reflexão, os questionamentos sem respostas, as dúvidas que só aumentam, com a certeza que estamos perdidos.
O que a humanidade fez para merecer tamanho castigo, para em pleno século 21 ver diminuta sua soberba por uma praga que não escolheu etnia, região do mundo e classe social?
Já me passou pela cabeça o livro bíblico do apocalipse e até a teoria da evolução de Charles Darwin.
Outro dia li a respeito do livro “A bomba populacional”, escrito em 1968, pelo biólogo americano Paul Ehrlich, da Universidade Stanford, em São Francisco, Califórnia.
Vejam que as previsões apocalípticas ocorreram no fim da década de 60, quando eu nem havia nascido, o que me faz crer, que muitos na época acharam as previsões de tragédias naturais, incluindo as pandemias, mera obra de ficção científica.
A China, gênese da praga, tem hoje 1,4 bilhão de habitantes e apesar do avanço magnânimo da sua economia, alimentar tanta gente assim é difícil de imaginar como conseguem.
O chinês já convive com a fome há muitos anos e culturalmente aprendeu a comer de tudo, animais silvestres, insetos e outras bizarrices para nosso conceito cultural de alimento e não é por acaso que a terra do dragão, seja berço de tantos novos vírus.
Não vou cair na esparrela das teorias da conspiração, sem que haja uma evidência factível para crer que a praga, que hoje nos aprisiona e mata, foi criada em laboratório.
Sabemos que na China não há liberdade e as informações que chegam do gigante asiático são obscuras e pouco confiáveis, mesmo assim, sem evidências não há como levantar tal hipótese, mesmo que não se possa, também, descartar.
O Covid 19 é um vírus demográfico, castiga mais onde há maior densidade demográfica, Ehrlich estava certo desde 1968 e o pior, para nós brasileiros, esse vírus nos atinge em cheio, crescimento urbano desordenado, grandes centros com enorme concentração de pessoas, transporte público de péssima qualidade, sempre lotado, habitações precárias, favelização e para complicar, uma saúde pública resultante de governantes corruptos, que sempre foi de péssima qualidade.
Agora, um aspecto pouco abordado são as nossas características culturais, absolutamente favoráveis ao contágio, a partir de nossa natural irresponsabilidade e desapreço às regras.
Adoramos nos abraçar e beijar, amamos o contato, vivemos em festas e aglomerações o tempo todo, no almoço de família, no carnaval, nas festas juninas, na igrejas, nos churrascos, no jogo de futebol, no bar com amigos, no show do artista favorito.
Não tem jeito, nosso jeito caloroso de ser acabou nos servindo de armadilha, de arapuca, não sei vocês, mas os meus conhecidos e amigos que tiveram suas vidas ceifadas em sua maioria foram contagiados em suas casas por algum parente ou amigo. As nossas cidades e o nosso jeito de ser se tornaram uma combinação trágica.
Por outro lado, estamos doentes e não apenas por conta desse maldito vírus, estamos sofrendo do mal de ficar só, preso, impedidos de trabalhar. Como se além da queda houvesse o coice, como quem corre e o bicho pega e quem fica, o bicho come.
Sairemos dessa diferentes, talvez melhores, talvez não, mas inexoravelmente diferentes. Acredito e tenho esperanças que novos valores estejam em evidência, como a resiliência, a humildade e a fé.
A humanidade está prostrada, derrotada, desanimada, descrente e cerceada, mas tudo isso passará e depois, que também passar a euforia, comum ao fim das guerras, haveremos de ter uma humanidade mais responsável e respirando novamente a LIBERDADE.
O importante é termos a consciência, que o vírus não é verdadeira doença, mas o sintoma da enfermidade que acomete a humanidade há décadas, talvez desde sempre, como uma doença congênita a nossa existência, que poderá nos levar a extinção. A Prepotência!
Por fim, se foi um aviso ou um castigo… não sei. O que sei é o que devemos e eu já rogo:
—Perdoe-nos, Pai!