Era uma terça-feira, dia 23 de setembro de 2014. Faltavam 12 dias para as eleições de governador na Paraíba. Um avião particular aterrissa na Grande João Pessoa com Michelle Louzada Cardoso, assessora da Cruz Vermelha Brasileira. Na bagagem dinheiro ilícito para abastecer campanha eleitoral.
Essa denúncia está na peça acusatória do Ministério do Rio de Janeiro contra a Organização Criminosa que se utilizava da Cruz Vermelha para desviar recursos da saúde.
São José de Caiana é uma cidade no interior da Paraíba, situada na região do Vale do Piancó. Uma amostragem de lá revela o que ocorreu nas eleições de 2014 com o Programa Empreender, que empresta dinheiro às pessoas.
Em pleno período eleitoral 45 contratos foram destinados ao município, mas quem comandou a distribuição de recursos foi o então presidente da Câmara de Vereadores, Ronildo Silva de Moura, que dos 45 contratos, destinou 26 para seus parentes. No cadastro, 17 famílias constam no mesmo endereço, rua prefeito Natalício Lopes da Silva, s/n.
As informações acima revelam que enquanto do Rio de Janeiro vinha a propina para abastecer a campanha eleitoral na Paraíba, o orçamento do Programa Empreender injetava recursos públicos em aliados e seus familiares para impulsionar o trabalho.
A Procuradoria Regional Eleitoral colheu depoimentos, documentos e fotos, e ajuizou a Ação de Investigação Judicial Eleitoral – Aije – pedindo a cassação de mandato e inelegibilidade de Ricardo Coutinho, e cassação de mandato de Lígia Feliciano.
Um dos investigados na Aije do Empreender, ajuizado pelo Ministério Público Eleitoral, é Waldson de Souza, alvo da Operação Calvário, em mandados de busca e apreensão.
Só, agora, após cinco anos, a Paraíba toma conhecimento que Cruz Vermelha e Empreender estavam juntos na campanha de 2014. Por isso é bom não esquecer o slogan : “Ninguém solta a mão de ninguém”.
Charge : Hericson Aquino