O esquema de pagamento de propina atingia todas as áreas da saúde pública. Da contratação da Organização Social para administrar Hospitais, à compra de escada magirus, de carros de bombeiros, de tomógrafo móvel, de caminhão da ressonância. A revelação foi feita pelo ex-governador Sérgio Cabral ao juiz Marcelo Bretas, na 7ª Vara Criminal Federal na cidade do Rio de Janeiro.
Cabral confirmou que cobrou propina de 5% , e que o esquema envolvia também a Organização Social Pró-saúde, contratada para administrar Hospitais de urgência e emergência no Rio de Janeiro. “Eu não tenho dúvida de que deve ter havido esquema de propina”, revelou o ex-governador durante a audiência que foi solicitada pela defesa do próprio Cabral.
Após mais de dois anos preso, e condenado a mais de 198 anos de prisão, o ex-governador Sérgio Cabral, confirmou que mais de R$ 270 milhões repatriados são dele, e que na campanha de Pezão ao Governo do Rio de Janeiro foram gastos R$ 400 milhões, mas só foram contabilizados R$ 70 milhões.
ORGANIZAÇÕES SOCIAIS NA PARAÍBA – A chegada das Organizações Sociais na Paraíba ocorreu em 2011, com a posse do então governador Ricardo Coutinho, que não esperou envio de projeto à Assembleia Legislativa, e tratou de editar a Medida Provisória 178, publicada em 04 de julho de 2011, para acelerar a contratação da Cruz Vermelha Brasileira que passou a administrar o Hospital de Emergência e Trauma da Capital.
Dois dias após publicar a Medida Provisória, regulando a gestão compactuada, no dia 6 de julho foi assinado o primeiro contrato entre o Governo do Estado da Paraíba, através da Secretaria de Saúde do Estado, e a Cruz Vermelha Brasileira. Depois foram contratadas outras Organizações Sociais, algumas com estreitas ligações com a Cruz Vermelha , a exemplo do Ipcep , que foi contratado para gerir o Hospital Metropolitano de Santa Rita e o Hospital Geral de Mamanguape.
OPERAÇÃO CALVÁRIO – Dia 14 de dezembro do ano passado, a Paraíba foi surpreendida com a Operação Calvário que resultou na prisão de 11 pessoas, entre as quais o chefe da Organização Criminosa, segundo o MPRJ, e o empresário carioca Roberto Calmon, este preso em um hotel na orla da praia de Cabo Branco, em João Pessoa.
Um mês atrás foi deflagrada a segunda fase da Operação Calvário, com a prisão de Leandro Nunes de Azevedo, assessor da secretária Livânia Farias, da Administração do Estado, e cumprimento e dois mandados de busca e apreensão, nas casas dos secretários Waldson de Souza, ex-secretário de Saúde, e atualmente secretário de Planejamento, e de Livânia Farias.
Auditores do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba desde 2011 que apontam diversas irregularidades graves na gestão das Organizações Sociais na gestão de Hospitais e UPAs no estado da Paraíba. O procurador do Ministério Público do Trabalho, Eduardo Varandas, foi quem primeiro questionou a relação dessas Organizações com o Estado da Paraíba.