A estratégia do governador Ricardo Coutinho em apoiar os candidatos chapas-brancas nas eleições do Clube dos Oficiais e da Caixa Beneficente de Oficiais e Praças da Polícia e Bombeiros Militares pode ser mesmo um tiro no pé. A foto em salão nobre, com direito a tapete vermelho e sessão de beija-mão, o chefe do Executivo com seus candidatos, trouxe a memória o dia em que mandou fechar as portas do Palácio do Governo para não ver o ato público, nem receber as entidades que verdadeiramente lutam pela categoria.
Centenas de policiais e bombeiros, ativos e inativos, além de esposas, mãe e outros familiares, faziam um ato público em defesa da paridade, direito de um policial inativo, de receber integralmente o que ganha um policial da ativa. Essa conquista estava assegurada plenamente em 2010. Mas em 2011 com a posse do novo governador as coisas voltaram a estaca zero, conquistas foram sendo retiradas, e cada ano só aumentou o prejuízo do policial que, por afastamento ou reforma, chega ainda hoje a perder entre 40 e 45 % do subsídio que recebia na atividade.
O movimento dos policiais se instalou na praça João Pessoa, quando um gesto que os policiais jamais se esquecerão : os colegas militares de serviço em Palácio, a mando do senhor governador, fecharam as portas do prédio governamental. Homens que doaram suas vidas, alguns até em cadeiras de rodas, viram um Governo tirano, insensível, e cruel. O documento , com as propostas da categoria, que seria entregue ao governador, foi colocado por baixo da porta do Palácio.
Traído pela memória, ou pela certeza de que o povo esquece os fatos, o governador fez exatamente o contrário com seus dois candidatos chapas-brancas, nas eleições do Clube dos Oficiais e Caixa Beneficente. Estendeu tapete vermelho, na esperança de controlar e calar a categoria. De malas prontas , faltando 40 dias para deixar o Palácio, não poderia ser pior a foto que e a imagem que Ricardo Coutinho está deixando para o povo, e para a polícia.
Os Governos passam, e a Polícia fica.
Marcelo José
Jornalista e Advogado