Ex- auxiliar do Governo do Estado, ocupando cargos importantes no Detran, na Cinep e na FAC, e recentemente ocupando a Secretaria da Executiva Estadual do PSB na Paraíba, Flávio Moreira, encaminhou uma carta comunicando a desfiliação do partido Girassol. Ao Blog Moreira revelou que vai apoiar a candidatura do senador Zé Maranhão (MDB) ao Governo do Estado, e dos candidatos ao Senado, Roberto Paulino (MDB) e Veneziano Vital do Rego (PSB).
Na carta comunicando sua desfiliação do PSB, encaminhada ao presidente Edvaldo Rosas, Flávio Moreira, lamentou ter sido vítimas de boatos de pessoas dentro do próprio grupo político, “fui vítima de boatos, inverdades e intrigas, quase em sua totalidade originados do seio dos aliados e “companheiros”, lamenta.
Moreira também se revelou desconfortável do não compromisso com o que seria do povo, e de ver Ricardo Coutinho ao lado de lideranças políticas com posturas que sempre as combateu. “Aos poucos, me senti cada vez mais desconfortável, fosse pela falta de consideração ao que era compromisso com o povo, fosse pela tristeza de ver o maior quadro da política paraibana recente, Ricardo Coutinho, ao lado e de gente com posturas que sempre combateu, tendo que aceitar tais circunstâncias, para conseguir realizar na Paraíba o tanto que foi realizado”.
Moreira anunciou que apoiará as candidaturas de Zé Maranhão, para o Governo, Roberto Paulino e Veneziano para o Senado, e Felipe Leitão para deputado estadual, e que anunciará quem apoiará para deputado federal.
VEJA A CARTA DE DESFILIAÇÃO AO PSB :
Ilustríssimo Senhor
José Edvaldo Rosas
Presidente da Executiva Estadual
PSB-PB
Em qualquer relacionamento haverá um momento de chegada e outro de partida. Nada é por acaso, devemos aprender com cada erro, cada perda, enfim, cada fato. Assim, seremos pessoas mais fortes, mais sábias, para passar então por outros tantos ciclos. Faz parte da vida! Aprenda com ela! Faça dos obstáculos trampolins para chegar a vitória.
Ninguém muda da sua casa confortavelmente. Aqui fiz mais que companheiros, fiz amigos, a exemplo de sua estimada pessoa. Gente do bem, na maioria que sequer ocupa cargos relevantes e que não aparece nos noticiários.
Enquanto gestor, experimentei desde a alegria do conseguir realizar à frustração de não conseguir e acompanhei, tristemente, o desvirtuamento de caráter de alguns ou, quiçá, a revelação destes.
Fui vítima de boatos, inverdades e intrigas, quase em sua totalidade originados do seio dos aliados e “companheiros”.
Aos poucos, me senti cada vez mais desconfortável, fosse pela falta de consideração ao que era compromisso com o povo, fosse pela tristeza de ver o maior quadro da política paraibana recente, Ricardo Coutinho, ao lado e de gente com posturas que sempre combateu, tendo que aceitar tais circunstâncias, para conseguir realizar na Paraíba o tanto que foi realizado.
Isso é inegável: a Paraíba mudou pra melhor. Mas todo ciclo tem seu fim e, pelas regras eleitorais em vigor, Ricardo não pode mais ser candidato.
Como praxe da política, alguém haveria de ser ungido e hoje é João Azevedo o escolhido para supostamente continuar o trabalho, mas, repito, não é Ricardo o candidato.
Ricardo sempre teve o governo nas mãos, é ele quem coordena de fato todas as áreas e pensa, com sua capacidade acima de qualquer média, aquilo que precisa ser feito. Acompanha, cobra e insiste até que as coisas se realizem.
Pra não alongar-me nesse ponto, deixo claro que, se fosse Ricardo o candidato, a Paraíba continuaria em ótimas mãos. Logo, minha escolha não se dá entre Ricardo e outro nome, mas sim entre uma suposta continuidade e uma alternância, que ao meu ver, é por demais necessária.
Sou e serei sempre crítico do golpe que culminou com a prisão do presidente Lula e o digo para introduzir as razões que me levam a desfiliação do Partido Socialista Brasileiro – PSB, que (apesar de na Paraíba, graças a valorosos companheiros ter mantido posição contrária ao golpe) após a morte de Eduardo Campos, grande líder de carisma agregador e habilidade (da boa) política insofismável, perdeu-se completamente, quedando-se as conveniências e definindo sempre posturas covardes e dúbias, no melhor estilo “vou pra onde a balança pender”.
Portanto, não poderia ser motivo para minha permanência no PSB a sua postura no golpe parlamentar. Envergonha mais do que aqueles que votaram pelo impeachment, mas tiveram depois a capacidade de reconhecer que erraram e lançaram o Brasil na pior crise de sua história.
Dito isso, passo a escolha que fiz, em relação a vida profissional.
Deixei a atividade policial para dedicar-me ao mister da advocacia, para a qual passei mais de uma década me preparando. Em tempos difíceis, a decisão foi tomada.
É aqui que as estradas começam a tomar rumos diferentes, pois advogado filiado a um partido político limita a sua atuação e compromete-se além do que recomenda o bom senso.
Completa essa guinada a minha crença que é preciso alternância de poder para que as pessoas entendam que não são donas de cargos, assentos e destinos.
Ao final, aprendi que construir pontes é muito melhor que implodi-las. Nos momentos em que fui gestor, tenho orgulho de ter sido firme, mas sempre justo e ter sempre, mesmo contra a vontade de alguns, reconhecido e valorizado aqueles que verdadeiramente trabalham, independente de suas convicções políticas.
Não me dobrei a certas condições e pedidos, bem como sempre optei por manter-me ao largo daquilo que não deve integrar a administração pública.
Por tais razões, apresento hoje minha desfiliação do Partido Socialista Brasileiro, deixando por consequência o cargo de 1° Secretário da Executiva Estadual da Paraíba.
Agradeço a todos os companheiros e companheiras pelo aprendizado, bons e maus momentos, lutas e vitórias e abraço a todos os que, igualmente, compartilham de um ideal de justiça social e meritocracia para a construção de um país melhor.
Ao governador Ricardo Coutinho, meu reconhecimento de grande gestor público, na certeza de que sempre retribuí a altura a confiança que me depositou nos cargos para os quais me nomeou.
“Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim.”
João Pessoa, 16 de agosto de 2018.