O Blog começa neste domingo uma série de entrevistas exclusivas com líderes nas áreas jurídica, política e social, que possam contribuir com visões e posicionamentos ajudando aos leitores e eleitores no exercício da cidadania. Um espaço para expormos o que pensam figuras locais e nacionais. Sempre aos domingos publicaremos a entrevista que tratará de temas polêmicos no âmbito jurídico , político e social. Em um mundo tão atribulado, de corridas desenfreadas por dinheiro e poder, vamos mostrar, também, pessoas simples, que com ações sociais ajudam a melhorar a vida e o mundo.
Márlon Reis, 47 anos, tocantinense de Pedro Afonso, idealizador e redator da Lei da Ficha Limpa abre a ´serie de entrevistas neste domingo. Advogado especialista em Direito Eleitoral e Partidário , foi feirante antes de se formar em Direito pela Universidade Federal do Maranhão em 1993. Em 1997 passou em 3º lugar no concurso de juiz. Deixou a magistratura, voltou a advogar, se filiou a Rede Sustentabilidade e agora aceitou o desafio e será candidato a governador no estado de Tocantins.
A partir do ano 2000 liderou ao lado de outros magistrados e promotores de justiça do Sul do Maranhão, intensa campanha de educação cívica contra a compra de votos. Realizou grandes audiências públicas que ficaram conhecidas como “Comícios da Cidadania contra a Corrupção Eleitoral”. Os eventos chegaram a reunir 20 mil pessoas em praça pública. Ele falava sobre democracia em comunidades marcadas por práticas políticas atrasadas, o que lhe rendeu ameaças de morte e representações que buscavam deter as suas atividades.
Foi considerado pela Revista Época um dos 100 brasileiros mais influentes de 2009. Em julho de 2012, foi o único brasileiro selecionado, entre 460 líderes, para representar o Brasil no “Draper Hills Summer Fellows”,encontro mundial sobre cidadania, direitos humanos e mobilização social, no estado da Califórnia, EUA, a convite da Universidade de Stanford.
Durante as eleições municipais de 2012, foi o primeiro juiz brasileiro a exigir divulgação antecipada dos nomes doadores de campanha eleitoral, através do Provimento 1/2012. O que mais tarde se tornou determinação nacional, através de decisão da ministra Cármen Lúcia, presidente do Tribunal Superior Eleitoral. A Lei de Acesso à Informação foi aplicada de forma pioneira para, superando falhas presentes na legislação eleitoral, permitir que os eleitores começassem a saber, ainda durante as campanhas, a identidade das pessoas e empresas interessadas na candidatura. A iniciativa lhe rendeu a conquista, ainda em 2012, do Prêmio UNODC, outorgado pelo Escritório da Organização das Nações Unidas contra as Drogas e o Crime.
Quatro perguntas para Marlon Reis :
Blog : O que lhe encorajou a colocar seu nome para disputar o Governo do Tocantins ?
MR : Fui estimulado por muitas pessoas do Tocantins, que é meu estado natal, a apresentar a minha candidatura em contraposição a um grave quadro de degradação política observado no estado. É visível a decadência das forças políticas que governam o Tocantins. Há uma grande ansiedade por mudanças. O atual governo é identificado com corrupção e incompetência. Então me predispus a apresentar uma alternativa viável e robusta a tudo isso, oferecendo à sociedade uma opção comprometida com a transparência, a ética e a capacidade de realização.
Blog : Qual vai ser seu discurso? Como pretender conquistar os eleitores ?
MR: Sou um líder de uma nova geração, acostumada ao diálogo e à construção coletiva de projetos. Ao mesmo tempo posso apresentar as minhas muitas realizações no campo legislativo. Grande parte das leis eleitorais brasileiras sofreu a influência direta de movimentos dos quais participo e dos quais fui o fundador. Isso demonstra minha capacidade de diálogo, liderança, mas também a experiência na conquista de objetivos, mesmo os aparentemente mais difíceis. Quero colocar tudo isso a serviço do governo do meu estado.
Blog : O senhor acha mesmo que pode melhorar a vida do povo, de que forma ?
MR : O estado pode e precisar ser melhor gerido para que possa cumprir as suas funções essenciais de maneira mais afinada com as necessidades do povo tocantinense. Hoje os recursos são perdidos para a corrupção e para a incompetência. Vivemos literalmente em um estado rico, com um povo pobre. Os servidores não têm seus direitos observados e hoje correm o risco de ver falido o sistema previdenciário estadual. Eu me acostumei a equacionar grandes problemas mobilizando a sociedade, lutando incansavelmente em busca de soluções e construindo saídas criativas e eficientes para problemas graves. Constituirei agindo assim.
Blog : O Sistema Político Brasileiro não torna o gestor refém do Legislativo ? De que forma, se eleito, o senhor vai fazer pra ter apoio político na AL, sem abrir concessões que comprometam o seu possível Governo ?
MR : Para dialogar com o Legislativo não é necessário praticar atos de corrupção. Estou acostumado a lidar com esse importante poder no plano federal, onde já discuti pessoalmente a aprovação de diversas leis. A mais difícil e complexa experiência de diálogo parlamentar de que participei foi sem dúvida a conquista da Lei da Ficha Limpa. O episódio mostra que é possível tratar com o parlamento de modo cívico e republicano, respeitando a autonomia entre os poderes, mas lembrando sempre da necessidade de relacionamento harmonioso entre todos eles
Marcelo José
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