Nos últimos dias, por conta de uma ferrenha disputa interna fora de época, envolvendo facções e líderes confrontados da categoria dos advogados, a OAB da Paraíba voltou ao noticiário local, lamentavelmente exposta no pior estilo padrão das organizações políticas e partidárias e futebolísticas. Um arraso !
A crise tem como móvel, no fundo, a decisão do presidente Paulo Maia em candidatar-se à reeleição, rompendo com a sua promessa de campanha de que não pretendia recandidatar-se, abrindo espaço para outros líderes que lhe emprestaram apoio no pleito.
Formou-se uma dissidência vigorosa ao atual presidente, que terminou por dividir a própria administração da entidade, e quebrou-se a paz e a harmonia necessárias para manter incólumes os interesses gerais da classe e a sempre respeitosa boa fama da instituição.
O caldeirão dessa disputa política antecipada, marcada por refregas pouco republicanas, foi apimentado pela denúncia de que um dos líderes ligados ao presidente teria assediado uma servidora da entidade, desembocando num procedimento de apuração, noticiado à larga de forma espalhafatosas, arranhando a imagem dos envolvidos, quando seria de se esperar maior cautela até que os fatos fossem esclarecidos.
Uma declaração do presidente de que teria de conviver com essa situação ( a denúncia de assédio ), explodiu como uma bomba sobre outra, conturbando ainda mais o ambiente . De fato, a expressão pode ter vários sentidos, dando margem a que cada interessado político empreste o seu.
Não parece verosímil, porém, que a frase tenha o sentido de conivência ante ao que deveria ser reprovação, nem o significado de lavar as mãos, mas algo como : não podemos mais nos esconder do problema, vez que a coisa virou escândalo, afetando a imagem dos envolvidos e da própria OAB.
As divergências sobre os rumos da OAB e seu controle político são legítimas e salutares, até mesmo quando antecipadas, e alimentam a formação de líderes classistas, expondo ao debate as ideias e planos de grupos que se contrapõem na busca pelo poder. Mas a escandalização como arma de disputa em substituição a ética e as ideias, depõe contra a reputação e respeitabilidade que se exige dos quadros dirigentes, as referências da categoria.
Esse cruento embate mais recentemente deflagrado entre o suposto assédio e as denúncias de falso testemunho, práticas indignas e criminosas e delação, coloca a OAB no mesmo nível das disputas políticas em Bayeux, um dos monturos de indecências da região metropolitana. Certamente, por esse caminho , a OAB se amesquinha e se avacalha.