A Operação Calvário deflagrada na Paraíba a partir de fevereiro de 2019 denunciou ao país o maior escândalo de corrupção da história no estado. O ápice das investigações ocorreu em dezembro de 2019 com a prisão do ex-governador Ricardo Coutinho, de diversos ex-secretários de estado, deputada, servidores e grandes empresários, todos, segundo denúncia do Gaeco/MPPB, envolvidos no esquema de pagamento de propina a partir de contratos com o Governo do Estado.
As investigações , inclusive com diversas delações premiadas, revelaram que nas eleições de 2010, o empresário Daniel Gomes da Silva, controlador da Cruz Vermelha Brasileira, repassou, através de um tio seu, a quantia de R$ 200 mil durante a campanha e mais R$ 300 mil após as eleições para garantir a contratação da organização social para administrar hospitais na Paraíba, segundo constam das diversas denúncias do Gaeco/MPPB formalizadas junto ao poder Judiciário.
As delações e investigações mostram que as mesmas práticas se repetiram em 2014 e em 2018, nas eleições para governador. Michelle Louzada, secretária do empresário Daniel Gomes da Silva, contou que ela mesma viajou à Paraíba para entregar propina a emissários de Ricardo Coutinho.
Em 2018 o assessor da Secretaria de Administração do Estado, Leandro Nunes, viajou ao Rio de Janeiro , para receber uma caixa de dinheiro, entregue por Michelle Louzada, no Hotel Hilton, em Copacabana. O dinheiro , segundo as delações premiadas, foi cobrado como propina da Cruz Vermelha Brasileira, por contrato com o Governo do Estado da Paraíba.
Com o resultado das eleições deste ano de 2022 , e com o histórico recente da cobrança e repasse de propina, as atenções estão voltadas para contratos em diversas áreas no estado da Paraíba. O pós-eleição é de olhar atento de órgãos de controle, tanto nos contratos, nos pagamentos e em pessoas com ligações estreitas com o Governo.
Depois de tantos escândalos, e prisões de autoridades políticas e empresários, o Governo não deve esperar novas intervenções dos órgãos de controle externo, mas deve prevenir as práticas ilícitas fazendo o dever de casa com a atuação dos órgãos de controle interno.
Figuras de grande influência no Governo e empresários não devem pagar pra ver.