Você já pensou algum dia em culpar o carteiro pelo conteúdo da carta? Você já imaginou criminalizar o telefone celular usado para aplicar golpes, traficar e combinar atos criminosos e ilegais?
— Claro que não! Seria o mesmo que culpar o carro e não o motorista embriagado em um atropelamento de um pedestre inocente.
— Assustador! Foi exatamente o que fez o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, quando determinou em decisão monocrática, o bloqueio do aplicativo Telegram em todo o Brasil.
Uma decisão que prejudicou mais de 70 milhões de usuários do aplicativo, como também inviabilizou serviços públicos essenciais, como o que mobiliza o socorro em massa da Defesa Civil em todo País.
— Olha a gravidade! A Defesa Civil, a partir dessa decisão, ficará impossibilitada de avisar a população de um eminente deslizamento, como recentemente ocorreu na histórica Petrópolis no Rio de Janeiro.
Tudo muito estranho, na decisão que determinou o bloqueio do telegram chamou atenção a citação da matéria do programa Fantástico da Globo do dia 13 de Março de 2022 sobre o Telegram, como um dos argumentos e sustentação no despacho que ocorreu exatamente do dia seguinte.
— O ministro Alexandre de Moraes combinou com a Rede Globo a matéria exibida no Fantástico, na véspera de sua decisão? Quem vai investigar o ministro Alexandre e a Globo?
Sem o Telegram os ucranianos estariam sem comunicação na guerra com a Rússia. O principal meio de comunicação utilizado pelo presidente Volodymyr Zelensky é exatamente o aplicativo criado pelos irmãos russos Nikolai e Pavel Durov, hoje residentes em Dubai.
Com essa decisão o Brasil se soma a uma lista de países ditatoriais e pouco democráticos que também censuraram o uso o aplicativo, olha o time: China, Índia, Rússia, Belarus, Indonésia, Azerbaijão, Bahrein, Cuba, Irã, Paquistão, Tailândia.
A Alemanha também censurou, mas parcialmente para excluir grupos de incentivo à violência, bem diferente da razão que levou a censura do Telegram no Brasil, motivada principalmente pela perseguição imoral ao jornalista Allan dos Santos no âmbito do inquérito, igualmente ilegal, das chamadas FakeNews.
Sem conseguir que as autoridades americanas e nem a Interpol cumpram a sua decisão absurda de prender e extraditar Allan dos Santos, que se encontra nos EUA, Alexandre de Moraes deseja asfixiar qualquer forma de voz do jornalista no Brasil.
Como o Telegram era o único aplicativo de mensagens que ainda permitia espaço de voz para o Allan dos Santos, a ordem foi prejudicar os mais de 70 milhões de usuários do aplicativo no país para pressionar o Telegram e de prêmio atingir em cheio o meio de comunicação mais utilizado pelo presidente Jair Bolsonaro com seus apoiadores.
Lembrando que o ministro Alexandre de Moraes assumirá a presidência do TSE – Tribunal Superior Eleitoral nas vésperas das eleições deste ano.
— Já imaginaram um Fla x Flu, um ABC x América, um Campinense x Treze onde o “juiz” publicamente avisasse que iria prejudicar um dos lados? A fraude começou?
Diferente da colega Miriam Leitão, que recentemente defendeu o banimento do presidente Bolsonaro das redes socais, o jornalista Jorge Pontual, correspondente internacional e comentarista da Globo News em Nova Iorque, classificou como ‘censura’ a decisão que bloqueou o Telegram no Brasil.
Na avaliação de Pontual, durante o programa ‘Em Pauta’, não cabe a qualquer autoridade decidir o que é notícia falsa ou verdadeira e somente as pessoas podem fazer esse julgamento livremente.
“Eu vivo num país livre, onde há plena liberdade de informação e a Constituição proíbe que medidas como essas possam ser tomadas”…
Noutro momento:
“É um absurdo o que aconteceu. Infelizmente, nossos colegas no Brasil não vão mais poder cobrir a guerra como deveriam, pois não terão mais acesso à informação. É uma censura. Fico surpreso em ver jornalistas defendendo a censura.”
Nos resta aguardar para saber se a Rede Globo de Televisão vai demitir ou não o jornalista Jorge Pontual, quando seu jornalismo em massa apoia a censura ao Telegram e até se suspeita que a emissora tenha contribuído com uma matéria arranjada no Fantástico, na véspera da decisão déspota e autoritária.
Enquanto isso, no Senado da República, um silêncio sepulcral diante da morte de nossa democracia, cada vez mais refém do absolutismo supremo.
Quem nos salvará do Putin brasileiro?