O secretário de Saúde de João Pessoa, Fábio Rocha, chegou ao limite de paciência com algumas situações que ocorrem nos bastidores na gestão da pandemia. Pelo menos essa é a impressão que passa.
A declaração discordando de uma possível proposta para reduzir a quantidade de vacinas à Capital, e o retardamento na distribuição dos imunizantes, revelam uma ação subterrânea contra a bem sucedida vacinação em João Pessoa.
O argumento de onde parte a tese de diminuir a quantidade de vacinas para João Pessoa seria de que há municípios em que a vacinação está bem atrasada.
Se uma das recomendações para prevenção à Covid é não aglomerar, naturalmente que um dos critérios deve ser aumentar a vacinação em cidades com maior população.
A Capital, além da maior população do estado, cerca de 820 mil habitantes, também acolhe a maior população flutuante, centenas de milhares de pessoas que chegam das cidades da região Metropolitana, e de todos os 222 outros municípios do estado.
Uma grande parte da população de João Pessoa tem raízes no interior do estado, para onde vai nas datas comemorativas encontrar familiares e amigos.
Esse movimento, em que centenas de milhares de pessoas do interior vão à Capital com o fim de trabalho, negócios, resolver questões de saúde, a lazer, bem como o sentido inverso quando milhares de famílias saem da Capital para encontrar parentes no interior, proporciona aglomeração.
A logística e a velocidade com que as vacinas são aplicadas na Capital tem tido o reconhecimento do trabalho pela população de João Pessoa. E isso talvez, tenha gerado uma ciumeira em alguns setores.
Não esqueçamos que em plena guerra na pandemia agentes políticos disputam espaços, aprovação e consolidação na política.
A declaração de Fábio Rocha teve tom de alerta como autodefesa demonstrando que querem interferir nos resultados do trabalho de enfrentamento a pandemia na Capital.
Apesar de saber que o prefeito Cícero Lucena é aliado e parceiro do governador João Azevedo, o secretário Fábio Rocha, deixou de lado o protocolo político, e partiu em defesa da manutenção da efetividade na vacinação na Capital.
Quem quiser criticar o secretário por não cumprir protocolo político, o faça. Só não podem reclamar de uma de suas grandes virtudes : a sinceridade. Afinal Fábio Rocha é médico e não político.