Uma das principais causas de morte súbita em pessoas com menos de 40 anos de idade, a miocardite é uma inflamação nas células do músculo do coração (miocárdio) que pode ser causada por diversos motivos. Qualquer pessoa está suscetível a ter a doença, mas a predominância é em homens adultos.
De acordo com o cardiologista e pesquisador Valério Vasconcelos, dentre as causas da miocardite estão infecções por vírus, bactérias, protozoários ou fungos; medicamentos; doenças autoimunes; e consumo excessivo de álcool ou cocaína. “Mais recentemente, estudos concluíram que a condição pode também ocorrer como consequência da infecção pelo novo coronavírus, caxumba ou dengue”, afirma.
O especialista explica que a miocardite pode ser consequência de doenças infecciosas ou não infecciosas. “Entre as causas infecciosas, as patologias virais são as mais comuns, entre elas se destacam as motivadas por coxsackie B, adenovírus (que provoca o resfriado comum) e Sars-CoV-2, vírus que origina a covid-19. Outros agentes infecciosos podem ser bactérias, parasitas e até mesmo fungos”, esclarece.
Já entre os fatores não infecciosos que causam a miocardite, estão incluídos certos medicamentos, como alguns quimioterápicos usados para tratamento de câncer, antibióticos; excesso de álcool e/ou drogas ilícitas, como a cocaína; radioterapia torácica;
doenças autoimunes como lúpus eritematoso sistêmico; e algumas vacinas, como as que previnem varíola, influenza, hepatite B e Sars-CoV-2.
“Qualquer pessoa pode vir a ter miocardite, mas a prevalência observada é em homens adultos. Ela acomete mais os homens, em torno de 2/3 do total de casos. A idade mais prevalente é entre 30 e 40 anos. Costuma afetar mulheres em torno de 45 anos e homens em torno de 35 anos”, comenta Valério Vasconcelos.
O cardiologista acrescenta que os sinais da miocardite são variáveis. Podem incluir dor torácica, falta de ar, inchaço (edema), fadiga e sensação de palpitação nos batimentos cardíacos. “A detecção da condição se baseia inicialmente nos sintomas. Em seguida, pode ser confirmada por meio de exames laboratoriais, eletrocardiograma e alguns exames de imagem”, afirma o médico. Ele lembra que o exame mais utilizado é o ecocardiograma. “Quando necessário, além do ecocardiograma, é solicitada uma ressonância magnética de coração. Esse é o padrão ouro para avaliação inicial e acompanhamento nos casos mais complexos”.
A boa notícia é que a miocardite tem cura e, normalmente, pode sumir depois que a infecção acaba. “Mas quando a inflamação do coração é grave, pode haver a necessidade de internação. Os quadros mais intensos e que necessitam de uso de medicamentos devem ter a assistência rigorosa de um cardiologista”, orienta Valério Vasconcelos.